Para permitir a entrada de investidores e gestores para “dinamizar a economia”, o Presidente Filipe Nyusi anunciou, no passado dia 28 de Junho, no seu discurso à Nação, que serão autorizados voos de países selecionados “em regime de reciprocidade”. No entanto, muitos dos passageiros que já tinham adquirido voos de saída e de regresso a Moçambique este mês, têm recebido notificações a adiar as suas passagens para o mês de Agosto, pelo que a questão que se coloca agora é: Haverá voos regulares internacionais em Julho?
O Diário Económico falou com o Comandante João Abreu, Presidente do Instituto da Aviação Civil de Moçambique (IACM) que começa por explicar que, em boa verdade, “o espaço aéreo nunca esteve encerrado porque o próprio uso da palavra implicaria que nem sobrevoos houvesse, de passagem para outras latitudes.”
Quanto à questão de fundo, que muitas pessoas colocam nesta altura, não há grande novidade. “Neste momento estamos a aguardar o decreto ministerial que dará as orientações mais claras. Neste momento a aviação civil não se pode pronunciar sobre o que vai ou não acontecer. O que podemos dizer é que existem autorizações pontuais para evacuações médicas, humanitárias e repatriamentos. Os outros segmentos, nomeadamente o comercial, continuam como estão, até porque os vistos continuam parados, pelo menos até publicação do decreto que irá clarificar a questão”, diz.
“As companhias terão a sua abordagem comercial e fazem o que entendem, mas a verdade é que o Presidente da República foi bastante claro na sua intervenção ao País, e tudo isto irá ser regulado entre os vários Ministérios”
A verdade é que, por esta altura, e mesmo continuando a existir oferta de bilhetes de avião para o mês de Julho, em companhias como a Ethiopian Airlines ou a Qatar Airways, a sua realização não está, bem longe disso, confirmada. Sobre isso o presidente do IACM é claro: “As companhias terão a sua abordagem comercial e fazem o que entendem, mas a verdade é que o Presidente da República foi bastante claro na sua intervenção ao País, e tudo isto irá ser regulado entre os vários Ministérios. Poderá de facto haver alguma evolução partindo desse tal aspecto de reciprocidade, para pessoas de negócios e investidores, mas ainda tem de ser enquadrada, com os ministérios do Interior, do Trabalho e Acção Social ou da Saúde. Do nosso lado, aguardamos que o decreto seja publicado para percebermos o que será e não será possível”, explica o comandante.
Por esta altura, e sem grandes novidades quanto ao regresso dos voos regulares, João Abreu coloca a tónica na questão da segurança que “concentra todas as orientações das autoridades da aviação civil nesta altura, respeitando as circulares, a desinfecção de aeronaves, e toda a legislação em vigor. O covid-19 trouxe uma condição que vai levar alguns anos a recuperar por parte da aviação civil até aos níveis que tínhamos. Afectou toda a economia e a aviação é uma das mais afectadas, bem como o turismo, a indústria hoteleira, a restauração… A sua recuperação tem de ser cuidadosamente analisada, nunca descurando a razão da existência das autoridades, garantindo que haja segurança nas operações. E na retoma pode tender-se a descurar tudo isto, devido aos custos e não se pode, em momento algum, relaxar as questões de segurança.”
Não há, de resto, quaisquer dúvidas que o sector da aviação foi o mais atingido com a pandemia. A nível interno o tráfego caiu 92% ao nível dos voos nacionais e internacionais. “Mesmo os voos domésticos que andavam na casa dos 120 por semana caíram para 10”, revela. Já os voos internacionais, como se sabe, reduziram praticamente 100% em Junho.