A covid-19 vai destruir 4% da riqueza das famílias cujo património ascende a pelo menos um milhão de dólares (do inglês, high net wealth ou HNW). Num cenário-base de análise económica, o relatório realizado “After the storm” (“Depois da tempestade”), realizado em conjunto pelo banco norte-americano Morgan Stanley e a consultora Oliver Wyman, a pandemia vai tirar 3,1 biliões de dólares este ano às famílias mais ricas.
Antes da pandemia, as estimativas da Oliver Wyman apontavam para um crescimento de 6% ao ano a partir de 2019 na gestão de riquezas, alcançando os 85 biliões de dólares este. Mas, devido aos impactos da covid-19, “o nosso cenário-base projecta que a gestão de riqueza alcance apenas os 83 biliões de dólares em 2021. Consequentemente, antecipamos que a covid-19 represente cerca de um ano perdido” na gestão de fortunas, refere o relatório.
Devido à incerteza económica causada pela pandemia, o Morgan Stanley e a Oliver Wyman traçaram três cenários alternativos.
“Depois de uma década dourada na qual os gestores de fortunas beneficiaram de um crescimento superior a 8% anual médio, a covid-19 trouxe uma realidade diferente. A economia global entrou num período de incerteza: os preços dos activos foram revistos, as taxas de juro desceram e a volatilidade do mercado aumentou”, diz o relatório.
“A duração da pandemia, as medidas de resposta e a extensão dos impactos económicos são incertos”, vincam o Morgan Stanley e a Oliver Wyman.
No cenário mais optimista, os activos sob gestão crescem apenas 0,9% este ano face a 2019, para 80 biliões de dólares, seguindo-se uma recuperação de 5,6% entre 2019 e 2024, para os 104 biliões de dólares
No período pré-covid-19, em 2024 esperava-se que os activos sob gestão das famílias com património de pelo menos um milhão de dólares se aproximasse dos 110 biliões de dólares. Agora, contando com os efeitos económicos da covid-19, no cenário-base aqueles activos alcançarão os 101 biliões de dólares em 2024, isto é, um crescimento de 5,1%, depois de uma quebra de 4% em 2020 face ao ano passado.
No cenário mais optimista, os activos sob gestão crescem apenas 0,9% este ano face a 2019, para 80 biliões de dólares, seguindo-se uma recuperação de 5,6% entre 2019 e 2024, para os 104 biliões de dólares.
No cenário mais pessimista, a Oliver Wyman e o Morgan Stanley antecipam uma quebra de 10,2% em 2020 face ao ano anterior, de 79 biliões de dólares para os 71 biliões de dólares. E, entre 2020 e 2024, a recuperação será modesta, de apenas 1%, alcançando uns 83 biliões de dólares.
Esta perspectiva antecipa uma contracção significativa em 2020, seguida de uma lenta recuperação
No cenário-base, que os autores do relatório baptizaram de “Recession and rebound” (recessão e recuperação), as medidas de resposta contra a covid-19 são “eficazes” na mitigação do contágio, enquanto “as descidas das taxas de juro e os estímulos orçamentais apoiam a recuperação económica em forma de ‘U’ ou similar”.
No cenário optimista, ou “Accelerated rebound” (retoma acelerada), o Morgan Stanley e a Oliver Wyman antecipam uma recuperação “modesta” face ao cenário-base, marcada por uma forte recuperação no curto-prazo nos preços dos activos, devido aos apoios dos bancos centrais. Neste cenário, o relatório antecipa um crescimento na gestão de fortunas de 1% em 2020.
No extremo oposto, no cenário pessimista, intitulado “Sustained downturn” (contracção sustentada), os estímulos económicos são “incapazes” de incentivar a economia mundial. “Esta perspectiva antecipa uma contracção significativa em 2020, seguida de uma lenta recuperação”. Caindo cerca de 10% este ano, só após quatro anos é que a gestão de fortunas chegaria aos níveis pré-covid-19.