Perante a situação criada com a pandemia do novo coronavírus, ao longo das últimas semanas o sector do retalho tem-se multiplicado em iniciativas que procuram encontrar alternativas às lojas físicas. As principais passam, obviamente, por uma migração para o mundo virtual online.
Ter uma presença na web já era antes da pandemia um elemento fundamental, mas agora o desafio é de natureza muito diferente e a busca de soluções tem passado por não considerar este momento como uma “situação temporária”, mas como uma oportunidade para perspectivar modelos de negócio em que a presença virtual poderá vir a ter uma ascendência definitiva sobre a física (não a eliminando, necessariamente, por completo).
Como seria de esperar, algumas iniciativas têm partido de “pesos-pesados” como o Facebook que lançou um novo serviço, chamado Facebook Shops, que permite às empresas abrirem uma loja online na plataforma, onde podem dispor os seus produtos, com o objectivo de facilitar as vendas. Esta ferramenta vai ser colocada à disposição, nos próximos dois meses, às cerca de 160 milhões de pequenas e médias empresas que já utilizam o Facebook e que poderão usar a mesma “montra virtual” noutras plataformas do grupo Facebook, como é o caso do Instagram e, mais tarde, Messenger e WhatsApp.
De acordo com o Facebook, a ferramenta é apresentada para “tornar as compras fáceis e capacitar qualquer pessoa, do dono de um pequeno negócio a uma marca global, a usar as aplicações de ligação com os clientes”.
Um dos sectores que já antes da pandemia estava em crise era o dos grandes centros comerciais e, em particular, o dos chamados “department stores”, os “grandes armazéns” multi-marcas que antecederam os modernos “shoppings”.
Ter uma presença na web já era antes da pandemia um elemento fundamental, mas agora o desafio é de natureza muito diferente e a busca de soluções tem passado por perspectivar modelos de negócio virtual
Apesar dos analistas considerarem que estes grandes complexos comerciais estavam a perder o seu poder de atracção devido às mudanças nas formas de consumo decorrentes da chegada do online, também sempre consideraram que os consumidores continuavam a aderir à ideia de espaços multi-marcas/lojas. Tendo esta perspectiva em mente, algumas iniciativas surgiram agora que parecem ir no sentido de “reconstruir essa experiência”, mas de um modo virtual.
Na Nova Zelândia, apareceu o Whakatāne Mall, um shopping virtual que permite aos consumidores acederem a lojas e produtos e fazer a toda as suas compras usando apenas um “cesto de compras”. Esta proposta permite às empresas terem o seu perfil/loja “agregados” num único espaço – ajudando-as a navegar este período de crise – e aos consumidores fazerem as suas compras mantendo o “distanciamento social”.
Outro projecto na mesma linha surgiu nos EUA pela mão de Julie Bornstein cuja carreira, nos últimos anos, passou por ajudar muitos shoppings e “department stores” a adaptarem-se ao mundo digital e ao comércio electrónico.
Trata-se uma app – The Yes – na qual o utilizador tem de preencher primeiro um “perfil” com os seus gostos, interesses e preferências. O algoritmo faz depois um scan entre as 150 marcas que estão neste shopping virtual e “recomenda” os produtos que mais se adequam ao perfil do utilizador. Tal como na Amazon, o algoritmo vai “aprendendo” com as interacções do utilizador e a refinar as suas recomendações.