A pandemia sem precedente recente, tornou-se no motor que levou muitas as empresas a acelerarem a fixação do home office como ferramenta operacional diária, sendo esta uma das primeiras medidas relacionadas com a continuidade e manutenção de milhares de postos de trabalho. Mas agora espera-se que a corrida pela modernização diante da crise traga novos desafios para as organizações.
Segundo o Estudo Global de Tendências de Talentos 2020 da consultora multinacional Mercer, as companhias “vão precisar de empatia para derrotar a crise e qualquer outro cenário desafiador”. A pesquisa realizada no final de 2019 com 7 300 executivos seniores de negócios, líderes de Recursos Humanos (RH) e funcionários de nove sectores-chave, em 34 países, identificou quatro fortes tendências para 2020.
O home office é apenas o começo. As empresas vão encontrar novos desafios e devem inspirar-se em tendências do futuro do trabalho
Apesar do cenário imprevisível trazido pelo covis-19 para o mundo corporativo, a pesquisa aponta para a necessidade de mudanças nas instituições diante de um mercado que cada vez mais exige agilidade para se adequar a novas tecnologias e contextos. E este é um quadro que se agrava com a pandemia.
Para 34% dos funcionários, os seus empregos já estavam sob ameaça e acreditavam que poderiam ser substituídos num prazo de três anos. E 63% dos líderes de RH não previam um crescimento salarial para 2020.
“A mudança repentina acelerou as tendências observadas na pesquisa. O que muitas empresas não fizeram em cinco anos, fizeram nas últimas cinco semanas. O cenário trouxe urgência para planos que estavam a ser estudados no RH”, comenta Ana Laura Andrade, chefe da área de estratégia de talentos da Mercer no Brasil.
Corrida para requalificação
Um dado que pode ter consequências no futuro tem que ver com o facto de 99% das empresas reconhecerem a importância de investimento na requalificação, mas a maioria apresentar lacunas sobre o conhecimento das suas equipes – e não ter planos consolidados de formação dos funcionários.
No início da quarentena, cursos e formações para aprender sobre recursos tecnológicos e comportamentos digitais, como gestão de equipas remotas e comunicação virtual, tornaram-se numa prioridade.
A vida mais virtual, com educação à distância, vai acelerar a disponibilidade de iniciativas para requalificação. No estudo, 55% os inquiridos acredita mesmo numa possível requalificação e mudança no trabalho como resultado da automação.
As companhias vão precisar de empatia para derrotar a crise e qualquer outro cenário desafiador
O distanciamento do escritório criou a demanda por dados para identificar problemas e solucioná-los rapidamente. A este respeito, o estudo mostra que apenas 43% das organizações utilizavam métricas para identificar funcionários com probabilidade de deixar a companhia e que apenas 18% delas conhecem o impacto das estratégias de remuneração no desempenho das suas equipas.
Com o aumento da utilização de inteligência artificial no RH, as decisões podem basear-se menos na intuição e mais em dados concretos um dos sinais mais esclarecedores, e inevitáveis, dos novos tempos que se avizinham.