Cerca de duas mil pessoas reuniram-se, no domingo, na Praça Rabin, em Tel Aviv, para denunciar o bloqueio político que Israel sofre há meses. Uma manifestação? Nada de novo. O facto de ter sido realizada em concordância com as ordens de distanciamento social, isso sim, é inovador.
Desta nação no Médio Oriente chegam imagens impressionantes de milhares de manifestantes a participarem de forma disciplinada e a respeitar a distância mínima necessária para evitar contágios com o novo coronavírus. Será um exemplo de como as manifestações podem vir a ser na era pós-covid-19?
A manifestação de domingo foi mais um protesto promovido pela iniciativa “Bandeira Negra”
Com um número relativamente moderado de pessoas infectadas — em comparação com grande parte do mundo, já que registaram apenas 171 mortes e pouco mais de 13 mil infectados –, Israel já passou pela pior fase da pandemia e está a começar o retorno gradual à normalidade.
A manifestação de domingo foi mais um protesto promovido pela iniciativa “Bandeira Negra”, movimento opositor, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e que, defendem, é um dos principais responsáveis pelo elevado nível de corrupção que estes manifestantes dizem ter inundado o sistema político israelita.
O líder da oposição, do partido Yesh Atid, Yair Lapid, participou da manifestação e não poupou críticas ao governante, acusando Netanyahu de “destruir a democracia” em Israel com o apoio de Benny Gantz, ex-aliado eleitoral de Lapid.
“Eles lutam para entrar no governo mas dizem que vão lutar a partir de dentro. Não é verdade. A corrupção não é combatida por dentro. Se estás dentro, fazes parte disso”, afirmou.
“Uma pessoa acusada na justiça não pode nomear o chefe de polícia, o procurador do Estado, o procurador-geral, os juízes que julgarão seu caso. Isto é o que Netanyahu faz. Aqueles que concordam com essas decisões não são oposição, são decoração”, rematou.
De recordar que Netanyahu ainda está a ser acusado de suborno, fraude e quebra de confiança em três casos. Para Lapid, “é assim que as democracias morrem no século XXI”.