O isolamento social lançou em todo o mundo num ‘boom’ repentino de comunicação à distância, com vídeo-conferências a dominarem esse novo cenário, sem, no entanto, que muitas pessoas estivessem devidamente preparadas para um “ser e estar” online a nível profissional. Quais são, na verdade, as regras para interagir com os outros, numa situação de contacto visual… através de um ecrã?
As vídeo-conferências, embora muito úteis, são desconcertantes, fazendo parecer que trabalho, agora feito em quarentena nesta época pandémica do covid-19, deixou de ser de quem o faz ou que este pouco o domina.
E podem ser ainda mais perturbadoras na medida em que o seu uso frequente não teve precedentes, sem se saber como falar ao mundo a partir de uma câmara… sabendo-se apenas que a inexperiência e nervosismo são, muitas vezes, evidentes.
“A regra na vídeo-conferência é mesmo o bom senso. Nem desvalorizar nem sobrevalorizar, já que não é muito diferente de outras situações de convívio social e laboral em presença”
Dependendo da natureza da vídeo-conferência, é aceitável que não usemos gravata ou roupa demasiado formal como faríamos no escritório, mas os básicos são inegociáveis, como barba aparada, cabelo arranjado e roupa adequada à natureza da nossa actividade, uma vez que estamos ao serviço mesmo estando em casa.
Os mais relaxados podem não mostrar-se apologistas a essa ideia, considerando que apenas importa o que se vê, pelo que não há mal em usarem calções ou pijama da cintura para baixo, desde que se vistam formalmente da cintura para cima – algo errado.
Em contrapartida, o descaso pode parecer um pormenor, mas não sabemos à partida se não teremos de nos levantar numa situação de emergência, sobretudo com crianças em casa. De resto, os lapsos mais comuns resultam quase sempre de se desvalorizar o contexto, a começar nos fatos de treino e a acabar nos filhos pequenos ao colo quando se está numa vídeo-chamada.
A manutenção de uma imagem profissional, nesta fase, é fundamental. Assim de relance deve-se manter especial atenção ao estado do cabelo – bem cuidado –, barba – feita ou aparada –, maquilhagem – leve, a dar alguma frescura –, luminosidade e, o que pode não parecer influenciar a imagem mas que e também de capital importância, a neutralidade do ambiente – o ideal é o foco não ser transferido da mensagem para o nosso pano de fundo. Não há como descurar nenhum destes tópicos assumindo que se trata de trabalho.
Quanto àqueles erros que se devem, absolutamente, evitar em qualquer circunstância, prendem-se com pouca higiene [e modos pessoais], comer durante as reuniões, ter todo o ar de quem acabou de acordar e deu início aos trabalhos, estar deitado ou reclinado no sofá ou na cama, apresentar-se aos outros de pijama e robe ou ter os animais domésticos em redor a fazerem barulho.
Trabalhar remotamente deve significar igualmente ir ao trabalho, e da mesma forma que não passaria pela cabeça de ninguém ir para o escritório de leggings, a acariciar o gato, não convém fazê-lo em casa e esperar louvores a sério.
Trabalhar remotamente deve significar igualmente ir ao trabalho, e da mesma forma que não passaria pela cabeça de ninguém ir para o escritório de leggings, a acariciar o gato, não convém fazê-lo em casa e esperar louvores a sério.
A regra na vídeo-conferência é mesmo o bom senso. Nem desvalorizar nem sobrevalorizar, já que não é muito diferente de outras situações de convívio social e laboral em presença. Aconselha-se ainda uma divisão iluminada, com boa acústica e cobertura de internet, onde dê para falar sem interrupções da família.
A quem se sente intimidado por câmaras, incluindo as de computadores ou telemóveis, recomenda-se ainda que evite factores de stress como atrasos, estar onde exista o risco de ser interrompido ou não testar a ligação e o som.
É isso e fugir da posição de baixo para cima, um erro clássico, em que muitas vezes as pessoas têm o telemóvel ou o computador bastante abaixo do nível dos olhos e acabam por se debruçar e ocupar o ecrã, com o rosto visto de baixo para cima.