O confinamento obrigatório devido à pandemia de covid-19 está a fazer com que as plantações de chá na Índia e no Quénia fiquem paradas. Desta forma, o fornecimento mundial de chá está sob ameaça e há pouco que se possa fazer para inverter isto caso a situação de saúde pública não melhore.
Com a época da colheita a começar, a produção de chá na Índia está interrompida. O país está a meio da sua terceira semana de confinamento imposto pelo Governo. Os produtores estão entre a espada e a parede, sem saber o que fazer para salvar as suas plantações, que dão já a primeira vaga da colheita como perdida.
Com o confinamento alargado até dia 3 de Maio, os agricultores garantem que são necessárias semanas até que as plantas estejam prontas a colher novamente.
“Vamos perder uma quantidade enorme da colheita”, lamenta Prabhat Bezboruah, presidente do Conselho de Chá da Índia, citado pelo OZY. “Muitas plantações estão em perigo”.
Inicialmente, o Governo indiano tinha anunciado que a produção de chá ia ser considerada um serviço essencial, tornando-a uma excepção à interrupção da actividade. No entanto, as autoridades locais de Assam e Darjeeling, duas das maiores regiões produtores do país, não conseguiram as permissões necessárias para manter as plantações abertas.
O mesmo cenário está a verificar-se no Quénia, um dos principais produtores africanos e mundiais de chá. O país entrou em confinamento parcial na semana passada, que inclui a cidade portuária de Mombasa, um grande centro de expedição de chá. Além disso, o coronavírus também interrompeu o comércio de chá naquele que é o maior produtor do mundo: a China.
Espera-se agora que, entre os próximos três a seis meses, o fornecimento de chá diminua em todo o mundo. Calcula-se que a Índia poderá perder 165 mil toneladas de chá devido ao confinamento, cerca de 10% de toda a sua produção.
“Se não estivesse a acontecer após dois anos terríveis, acho que teríamos conseguido mitigá-la”, diz Nazrana Ahmed, plantador de chá em Assam. “Mas agora é absolutamente stressante”.
Nos últimos anos, o preço do chá caiu drasticamente, atingindo mínimos históricos nos últimos 11 anos, muito devido ao excesso de oferta.