Os preços do petróleo arrancaram a semana em queda acentuada na bolsa de Nova Iorque, com o WTI a afundar mais de 20% para tocar em mínimos de 1999 abaixo dos 15 dólares.
Os futuros sobre o crude cotado na bolsa de Nova Iorque, para entrega em Maio, atingiu uma queda máxima de 20,8% para 14,47 dólares, o que corresponde ao valor mais baixo desde 1999. Segue agora com uma descida mais contida de 17,95% para 14,99 dólares.
O contrato do WTI que está activo expira na quinta-feira e os futuros para entrega em Junho descem bem menos: 5,1% para 23,75 dólares.
Esta queda acentuada na cotação da matéria-prima surge numa altura em que a procura afundou para níveis históricos, deixando os produtores sem espaço para armazenar tanto petróleo.
A indústria está a enfrentar as perspectivas mais sombrias desde pelo menos os anos 90, ou até de sempre” diz ao Financial Times Jason Gammel, da Jefferies, que cortou a estimativa do WTI neste trimestre para 19 dólares.
A falta de espaço para armazenar crude está a colocar a cotação da matéria-prima em queda livre. Em Londres o Brent desce bem menos
O problema está a afectar sobretudo os produtores norte-americanos, que segundo a Bloomberg estão perto de ter de pagar para os clientes para estes ficarem com o petróleo que estão a extrair. No Texas estão a oferecer apenas 2 dólares por barril.
Na bolsa de Londres as quedas são bem mais contidas. O Brent recua 3,06% para 27,22 dólares, acima dos mínimos atingidos no mês de Março.
Este colapso no preço do petróleo surge em cima de quedas violentas nas últimas semanas devido ao impacto da pandemia do coronavírus. O WTI já acumula uma queda histórica de 75% desde o início do ano e o Brent recua 59%.
O ponto de armazenamento de petróleo nos Estados Unidos, em Cushing, Oklahoma, aumentou o stock de petróleo em 48% desde o final de Fevereiro, para 55 milhões de barris, já perto do máximo de 76 milhões de barris.
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) já tinha alertado que 2020 vai ficar marcado como um ano de declínio na procura, apontando para uma queda de 9,3 milhões de barris por dia até ao final do ano.
A AIE tinha também alertado que o espaço de armazenamento está a reduzir-se e pode mesmo chegar ao colapso “nas próximas semanas”, uma vez que os inventários globais vão estar a acumular 12 milhões de barris por dia na primeira metade deste ano, de acordo com a agência.
O acordo histórico selado há poucos dias na OPEP+, que inclui a Rússia e o México, para cortar a produção em 9,7 milhões de barris por dia está a ser insuficiente para travar a queda livre das cotações e os analistas já dizem que o grupo de produtores poderá ter de ir mais longe nos cortes.
“Os preços actuais mostram que os cortes da OPEP+ foram insuficientes, com as cotações de novo à mercê da evolução do vírus”, disse à Bloomberg Vandana Hari, da Vanda Insights em Singapura.