Na semana passada, a plataforma de streaming Netflix atingiu o seu valor mais alto em Bolsa tornando-se mais valiosa que a petrolífera ExxonMobil. As acções da Netflix tiverem uma subida de 3% e o seu valor de mercado atingiu os 183 mil milhões de dólares. Enquanto isso, as acções da ExxonMobil caíam e o seu valor de mercado está agora nos 175 mil milhões de dólares.
Embora vários analistas considerem que esta valorização está directamente ligada à actual situação pandémica, que obrigou milhões de pessoas a ficar em casa e, nessa perspectiva, fez disparar o consumo dos conteúdos da Netflix (bem como de outras plataformas de streaming), o facto é que, os mesmo analistas acreditam que esta é, possivelmente, uma tendência que veio para ficar mesmo quando a pandemia passar.
Até porque as Bolsas têm também vindo a valorizar outras empresas tecnológicas e produtoras de conteúdos digitais como a Apple, a Amazon e o Facebook.
Apesar de ser prematuro antever o que irá acontecer no pós-pandemia, esta ascendência da Netflix e das plataformas de streaming veio antecipar aquilo que a indústria cinematográfica tradicional mais tem temido (e combatido) nos últimos anos.
Apesar de ser prematuro antever o que irá acontecer no pós-pandemia, esta ascendência da Netflix e das plataformas de streaming veio antecipar aquilo que a indústria cinematográfica tradicional mais tem temido (e combatido) nos últimos anos. Num artigo intitulado “The future that Hollywood feared is happening now” (“O futuro que Hollywood temia está a acontecer agora”), publicado no “New York Times”, é bem possível que, depois deste período de “confinamento obrigatório”, se possa vir a assistir à consolidação definitiva do consumo de entretenimento em casa precipitando a crise – que já se vinha verificando nos últimos anos – das salas de cinema.
Mas não só. Todo o modelo de negócio da indústria cinematográfica tem assentado, entre outros aspectos, numa cadeia de valor estruturada em torno do lançamento diferido dos filmes (salas, dvd´s, etc.), modelo esse que já estava agonizante face às mudanças nos hábitos de consumo que o online veio trazer e, em particular, as plataformas de streaming vieram acelerar.
Apesar de ser previsível que, face à recessão económica que se desenha, a Netflix e as plataformas de streaming venham a sofrer impacto significativo (já que dependem, em larga medida, de um modelo baseado em assinaturas/subscrições dos seus serviços), os analistas consideram que essa retracção será temporária sendo mais certo que seja a indústria cinematográfica tradicional que venha a ter de se “re-inventar” para poder sobreviver e competir num mercado em que o “home entertainment” será dominante.