Os olhos do mercado de luxo estarão voltados para a divulgação do balanço do primeiro trimestre do grupo LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton), que acontece na próxima quinta-feira. No fim de Março, o grupo antecipou que a queda da facturação poderia ficar entre 10% e 20%, devido às medidas adoptadas um pouco por todo o mundo para conter a propagação do coronavírus.
“A curto prazo, as decisões das autoridades públicas para combater a pandemia [do] covid-19 resultou no encerramento de linhas de produção e lojas em diversos países, o que terá impacto nos resultados globais”, afirmou o grupo, em comunicado.
A aquisição da Tiffany, o grande momento do grupo no ano passado, nem chegou a dar resultado
Os números anunciados, porém, devem contar apenas parte da história, segundo o grupo, “o impacto não pode ser devidamente calculado sem o conhecimento do momento de retomada nesses países. Nesse ambiente de incerteza, o grupo manterá a estratégia de focar na preservação do valor de suas marcas”.
Outros grupos de artigos e serviços de luxo devem sofrer tanto ou até mais. A Kering, que tem no seu portefólio marcas como Gucci e Saint Laurent, afirmou também no fim de Março que a venda nas quedas neste primeiro trimestre poderia ser de 15%. A queda da Burberry, que tem boa parte da receita vinda da Ásia, pode ser maior, entre 40% e 50% do início de Fevereiro a meados de Março, segundo a companhia.
O balanço da LVMH carrega um simbolismo, já que se trata do maior grupo de luxo do mundo, com 75 marcas que actuam nos segmentos de moda e acessórios, relojoaria, bebidas, beleza e turismo.
No ano passado, o grupo registou uma receita recorde de 53,7 mil milhões de euros, um crescimento de 15% em relação a 2018. O bom desempenho levou Bernard Arnault, o principal accionista do conglomerado, a figurar em terceiro lugar na lista dos mais ricos do mundo.
O principal segmento, responsável por quase 40% da receita do ano passado e com 20% de crescimento em relação a 2018, é o de moda e acessórios. Os bons números devem-se ao desempenho da marca mãe Louis Vuitton e da Christian Dior. A aquisição da Tiffany, o grande momento do grupo no ano passado, nem chegou a dar resultado. A icónica loja da Quinta Avenida, assim como quase toda a cidade de Nova York, está fechada.
São novos tempos, que resultam em novos registos e posicionamentos. Enquanto espera as lojas reabrirem, o grupo anunciou que a divisão de perfumes e cosméticos se dedicaria a fabricar álcool em gel para ser doado às autoridades públicas da França.