O luxuoso Belmond Copacabana Palace, o hotel mais emblemático do Rio de Janeiro, por onde passaram numerosas figuras mundiais, fechou temporariamente as portas pela primeira vez em 96 anos, devido ao colapso das reservas e à crise no sector de turismo causada pela propagação do coronavírus.
“Fechamos as portas desta sexta-feira até o final de Maio”, confirmou um porta-voz do hotel que ocupa o famoso palácio em estilo Art Deco, no meio de Copacabana, a praia mais famosa do Brasil.
O Palácio de Copacabana não escapou da crise, e quando viu sua taxa de ocupação cair abaixo de 40%
O último hóspede deixou o hotel na segunda-feira passada e o prédio foi cercado no início desta quinta-feira com medidas protectoras, mas o palácio continuou a ter suas portas abertas e todos os funcionários em seus empregos.
Somente o cantor brasileiro Jorge Ben Jor, que vive desde 2018 em um dos poucos apartamentos completos que o Copacabana Palace oferece em um prédio anexo, e Andrea Natal, administradora do hotel, permanecem como convidados desde sexta-feira.
Luxo e glamour em Copacabana
Este hotel cinco estrelas, fundado em 1923, incluído na lista do Património Histórico e Artístico Nacional do Brasil e administrado pela rede Belmond, é famoso por suas luxuosas festas de fantasia de carnaval e por suas invejáveis listas de convidados, que incluem a maioria das estrelas de Hollywood ou rock que passaram por esta cidade brasileira.
Entre os seus 239 quartos, alguns receberam os membros da banda Rolling Stones, que concederam um enorme show gratuito em um palco montado na praia de Copacabana, em frente ao hotel. Já Lady Gaga e Janis Joplin foram expulsas da piscina por estarem a nadar nus.
Para as festas de carnaval, alguma que decorrem nos salões de pisos de mármore e enormes lustres de cristal, têm ido hóspedes ilustres como Jayne Mansfield, Brigitte Bardot, Orson Welles, Ginger Rogers, Kirk Douglas, Kim Novak, Romy Schneider, Errol Flynn e Rita Hayworth.
O Copacabana Palace, de 12 000 metros quadrados, nunca fechou suas portas em toda a sua história, e seu baile de gala, realizado desde 1924, um ano após a inauguração do hotel, só foi suspenso em uma edição, em 1973.
Mas a queda do turismo causado pela propagação do covid-19 mudou o rumo das coisas, obrigando seus administradores a fecharem as portas para garantir o trabalho de seus 515 funcionários.
Covid-19 abala o turismo
No comunicado explicativo de sua decisão, o grupo do Belmond Copacabana Palace alegou que a indústria do turismo é a mais afectada mundialmente pelo coronavírus.
A queda acentuada nas reservas já havia forçado outros 60 hotéis no Rio de Janeiro a fechar suas portas na cidade mais turística do Brasil.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, a taxa de ocupação nos hotéis do Rio, que se aproximava de 99% no final do ano e no último carnaval, havia caído para 70% no início e até o final de Março, e 5% na semana passada.
O Palácio de Copacabana não escapou da crise, e quando viu sua taxa de ocupação cair abaixo de 40%, suspendeu as novas reservas depois de concluir que era mais barato fechar temporariamente do que financiar sua operação onerosa.
Com seus três restaurantes fechados, o hotel manterá apenas uma de suas cinco cozinhas em funcionamento na próxima semana para garantir comida para os demais funcionários e seus dois convidados exclusivos.