O Banco de Moçambique anunciou esta quinta-feira uma redução da taxa de juro de referência em 1,5 pontos percentuais, para 11,25%, devido à “expressiva revisão” da inflação e da procura resultante da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“O Comité de Política Monetária (Cpmo) do Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 150 pontos base (pb), para 11,25%”, lê-se no comunicado do banco central.
A instituição explica que “a decisão foi sustentada pela expressiva revisão em baixa das perspectivas de inflação para o médio prazo, num contexto de maior declínio da procura agregada em resultado do impacto da covid-19 na economia doméstica e internacional”.
No comunicado, o banco liderado por Rogério Zandamela reforça que “a política monetária tem espaço para continuar a apoiar as políticas do país na mitigação dos efeitos da covid-19” e vinca que “as perspectivas de inflação continuam a melhorar e as reservas internacionais do país, no montante de cerca de 3 900 milhões de dólares, situam-se em níveis confortáveis para cobrir mais de seis meses de importações”.
A decisão foi sustentada pela expressiva revisão em baixa das perspectivas de inflação para o médio prazo, num contexto de maior declínio da procura agregada em resultado do impacto da covid-19 na economia doméstica e internacional
A banco central avisa que outras descidas podem acontecer ainda antes da data da próxima reunião.
“Para o horizonte de curto a médio prazo, aumenta a preocupação do Cpmo em relação ao impacto da covid-19 sobre a actividade económica, assim, o Cpmo continuará a monitorar os indicadores económico-financeiros, os factores de risco e o seu impacto sobre as perspectivas de inflação e a actividade económica, e poderá tomar as medidas correctivas necessárias antes da sua próxima reunião ordinária”, agendada para 17 de Junho, avisa.
O comité decidiu também reduzir as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos e da Facilidade Permanente de Cedência em 150 pb, para 8,25% e 14,25%, respectivamente, e manter os coeficientes de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 11,50% e 34,50%, respectivamente.
Relativamente ao cenário macroeconómico, o banco não apresenta valores, mas reconhece que as perspectivas são mais sombrias devido ao efeito da propagação da pandemia, nomeadamente no crescimento económico do país, apesar de a inflação ter caído, em Março, de 3,55% para 3,09%.
A revisão em baixa da previsão para a inflação “decorre do declínio acentuado da procura interna, num cenário de prolongamento das medidas de restrição impostas pelo estado de emergência, bem assim das perspectivas de redução do preço do petróleo no mercado internacional”, acrescenta o governador.
“As perspectivas de crescimento económico para 2020 deterioram-se e os esforços de recuperação pós-ciclones retraem-se, prevê-se que as consequências económicas da materialização da covid-19 sejam severas, num cenário em que a economia moçambicana já se encontra debilitada em virtude dos efeitos dos ciclones Idai e Kenneth e da instabilidade militar nas zonas norte e centro do país”, conclui o banco central.
A nota da instituição liderada por Rogério Zandamela salienta ainda que “a combinação desses factores implicará contrações nas indústrias extractiva e transformadora, bem como nos sectores de transportes, comércio e serviços, hotelaria e restauração, ao todo representando cerca de 58% do Produto Interno Bruto (PIB)”.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infectou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
O número de mortes por covid-19 em África subiu para 910 num universo de 17 212 infecções registadas em 52 países.
Agência Lusa