A consultora S&P Global Platts Analytics considera que o adiamento anunciado pela petrolífera ExxonMobil do projecto na bacia do Rovuma, em Moçambique, pode atrasar a primeira exportação de gás natural de 2025 para 2030.
“O risco à volta dos investimentos no projecto são exagerados pelo facto de não serem conhecidos receptores da capacidade, com a capacidade de exportação a contrair-se”, alertou o analista Like Cottell.
Citado no site de informação especializado em energia Platts, o analista acrescentou que “a ExxonMobil deverá suspender este projecto até que a economia seja mais favorável, com a produção a ser prevista apenas em 2030”.
O projecto do Rovuma, liderado pela petrolífera norte-americana ExxonMobil, é o maior dos três grandes projectos de gás natural liquefeito em desenvolvimento em Moçambique, e era previsível que as operações começassem em 2025, mas parece agora cada vez mais provável que haja um adiamento.
O primeiro sinal de que havia problemas foi quando a petrolífera falhou o prazo para a Decisão Final de Investimento, ainda no ano passado, o que foi um indício de que havia questões que ainda não tinham sido dirimidas completamente com os parceiros
Já este mês, a petrolífera anunciou oficialmente o adiamento da Decisão Final de Investimento, citando as difíceis condições de operação decorrentes do abrandamento da economia a nível mundial e a redução do preço das matérias-primas devido à descida da procura, no seguimento das medidas decretadas para conter a propagação da pandemia da covid-19.
“A ExxonMobil continua a trabalhar ativamente com os seus parceiros e o Governo para optimizar os planos de desenvolvimento, melhorando as sinergias e explorando as oportunidades relacionadas com o ambiente actual de baixos preços”, argumentou a petrolífera no comunicado que anunciou o adiamento, sem data, do projecto.
“O primeiro sinal de que havia problemas foi quando a petrolífera falhou o prazo para a Decisão Final de Investimento, ainda no ano passado, o que foi um indício de que havia questões que ainda não tinham sido dirimidas completamente com os parceiros”, comentou o analista Joseph Gatdula, da Fitch Solutions.
“A queda na oferta de Gás Natural Liquefeita e a recente e abrupta queda nos preços do petróleo, que são geralmente usados para definir os preços do gás, aumentou os riscos de um projecto que já era financeiramente desafiante”, acrescentou, notando que “o ‘timing’, apesar de não ser uma surpresa completa, é certamente um revés para Moçambique”, concluiu o analista desta consultora detida pelo mesmo grupo que é também dono da agência de ‘rating’ Fitch.
Os preços do gás caíram no princípio de Abril para 2,26 dólares, o valor mais baixo de sempre.
Para além deste projecto, os outros dois grandes projectos de exploração de gás natural são o operado pela Total, que deve começar em 2024, e o liderado pela Eni, na plataforma flutuante Coral.
Agência Lusa