Na Nicarágua, o regime parece estar a ignorar o novo coronavírus. Além disso, enquanto por todo o mundo os chefes de Estado se dividem entre aparições públicas e declarações transmitidas por vídeo, na Nicarágua ninguém vê o Presidente há mais de um mês.
Estávamos a 12 de Março quando o líder da Nicarágua foi visto pela última vez. Daniel Ortega, de 74 anos, exerce o cargo de Chefe de Estado ininterruptamente há 13 anos, desde 2007, mas já soma quase 25 anos como Presidente do país.
Segundo o Observador, há pouco mais de um mês, Ortega participou numa conferência em vídeo com outros chefes de Estado da região da América central e, desde aí, nunca mais apareceu.
A vice-presidente do país, a primeira dama Rosario Murillo, garante que Daniel Ortega está “a trabalhar, a dirigir e coordenar todos os esforços” para lidar com a pandemia de covid-19, mas a verdade é que, segundo o El Mundo, ninguém sabe do seu paradeiro.
A irresponsabilidade de Ortega põe em cheque a saúde e a vida dos cidadãos da Nicarágua
Há, no entanto, preocupações em relação ao estado de saúde do governante, devido ao seu historial clínico de problemas de saúde no passado. O director do Observatório dos Direitos Humanos para o continente americano, José Miguel Vivanco, não arriscou prognósticos quanto ao paradeiro ou estado do Presidente da Nicarágua, mas deixou críticas.
“A irresponsabilidade de Ortega põe em cheque a saúde e a vida dos cidadãos da Nicarágua”, disse o responsável.
A forma como a Nicarágua está a lidar com a pandemia está a merecer muitas dúvidas por parte de especialistas internacionais. Aliás, os números divulgados pelas autoridades – que apontam para nove casos de infecção, uma morte e nenhum caso de transmissão local do vírus – são altamente questionados pelos peritos.
Além disso, apesar de o confinamento ter sido adoptado por muitos cidadãos, não foi uma medida recomendada de forma generalizada. As escolas, as lojas e as fronteiras continuam abertas e o governo não impôs quaisquer medidas para fomentar o distanciamento social.
O El Mundo conta que, no passado sábado, realizou-se uma procissão e um “festival de concertos” ao ar livre. O Governo do país terá até criminalizado o uso de máscaras faciais de proteção: de acordo com o diário espanhol, aqueles que as usam estão agora a ser classificados como “golpistas” e “terroristas”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) já manifestou preocupação. Numa altura em que o mundo se debate com a pandemia, a Nicarágua parece ser um país à parte.