Os pacotes de apoio ao impacto da pandemia do novo coronavírus já ascendem a oito biliões de dólares a nível global, com os custos orçamentais directos aos Estados a representarem uma despesa de 3,3 biliões de dólares, segundo o Fiscal Monitor, publicado esta quarta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
“As despesas necessárias com saúde e as medidas fiscais e de gastos para apoiar pessoas e empresas vão ter custos orçamentais directos, actualmente estimados em 3,3 biliões de dólares a nível global”, indica.
Além disso, embora os empréstimos do sector público e injeções de capital próprio (1,8 biliões de dólares) e garantias e outros passivos contingentes (2,7 biliões de dólares) possam apoiar empresas financeiras e não financeiras, também criam riscos orçamentais, diz o FMI.
“Este valor é superior ao estímulo durante a crise financeira global iniciada em 2008”, refere, salientando os pacotes de apoio em vários países à liquidez, acima dos 10% do PIB em França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido
O departamento liderado por Vítor Gaspar realça que as economias do G20 já deram apoio orçamental “considerável” de 3,5% do Produto Interno Bruto em resposta à pandemia. “Este valor é superior ao estímulo durante a crise financeira global iniciada em 2008”, refere, salientando os pacotes de apoio em vários países à liquidez, acima dos 10% do PIB em França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido.
O FMI salienta que “a pandemia da Covid-19 e as consequências financeiras e económicas irão provocar um grande aumento nos défices orçamentais e nos rácios de dívida pública, em comparação com as projecções anteriores”. Assinala que à medida que a produção diminuir, a receita irá cair ainda mais acentuadamente, estimando que seja de 2,5% do PIB mundial.
A instituição de Bretton Woods antecipa, com base nas respostas políticas até à data, que os saldos orçamentais em 2020 deverão deteriorar-se “em quase todos os países”, nomeadamente nos Estados Unidos, China e várias economias europeias e asiáticas.
“Embora um aumento considerável nos défices este ano seja necessário e apropriado para muitos países, a posição inicial em alguns casos apresenta vulnerabilidades (a dívida pública global foi de 83% do PIB em 2019)”, refere.
Destaca que a dimensão do impacto da pandemia nas finanças públicas “é altamente incerto” e irá “depender não apenas da duração da pandemia, mas também de saber se a recuperação económica é rápida ou se a crise lança uma longa sombra”, defendendo como receita um estímulo orçamental “coordenado e amplo” de modo a ser uma “ferramenta mais eficaz para promover a recuperação”.