A farmacêutica guineense, Adiato Baldé, criou um produto alternativo “simples e fácil” que até “pode ser produzido em casa”, para minimizar as dificuldades de acesso a desinfectantes nos mercados e farmácias e assim combater a pandemia da covid-19.
Adiato Baldé, da Guiné-Bissau, licenciou-se em Farmácia e especializou-se em regulamentação de medicamentos e produtos de saúde. Actualmente, trabalha na área regulamentar das indústrias farmacêuticas, em Londres, no Reino Unido. Com a pandemia da covid-19, decidiu pôr mãos à obra e criar desinfectantes com produtos naturais que possam servir para desinfectar as mãos e objectos em casa, sem descurar a lavagem frequente das mãos, uma das medidas mais recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para travar a propagação do novo coronavírus.
“As fórmulas desses desinfectantes ainda não foram aprovadas por nenhuma autoridade competente”
Segundo a farmacêutica, a ideia da criação de desinfectantes teve muito a ver com a actual situação da pandemia da covid-19, que fez com que “supermercados e outros fornecedores ficassem sem desinfectantes” levando-a a criar algo natural “que nos pudesse ajudar com os produtos que temos em casa, ter algum efeito e ajudar no combate à pandemia”.
Adiato Baldé assegurou que na sua formula “os ingredientes naturais, individualmente, têm propriedades anti-bacteriana, fúngica e anti-viral comprovadas”.
“A fórmula é algo que eu inventei, constituída 60% de gel aloe vera, 15% de extracto de hamamélis e 15% de vinagre de maçã, glicerina, óleo de vitamina E, óleo essencial de limão, óleo essencial de melaleuca, óleo essencial de eucalipto. O extracto de hamamélis que eu utilizei nesta formulação foi extraído com etanol, portanto, de certa forma acaba por ter um bocadinho de álcool na sua composição, por causa da forma como foi feita a sua extracção da planta”, explicou, argumentando que “o vinagre é ácido acético e os ácidos queimam” sendo, por isso, “um bom factor protector. A glicerina e a vitamina E são essencialmente humectantes/emolientes e sua introdução na formulação foi mesmo só com a intenção de manter as mãos hidratadas, para que as mãos não ressequem tanto”.
Os óleos essenciais que Baldé estão entre os que têm maiores propriedades contra micro-organismos, e podem ser encontrados em qualquer desinfectante que existe no mercado.
“Entretanto, devido à situação em que nos encontramos, fui obrigada a criar algo que pudesse ajudar, principalmente porque o álcool transformou-se num bem de primeira necessidade que se encontra indisponível”, contou.
“Os ingredientes naturais, individualmente, têm propriedades anti-bacteriana, fúngica e anti-viral comprovadas”
Devido ao encerramento de várias actividades incluindo a dos correios, Adiato Baldé não pode enviar o seu produto para outras partes do mundo, restringindo-se somente a fornecer no Reino Unido, e “por isso decidi partilhar a minha fórmula” para que as pessoas que não têm acesso ao álcool ou lixívia possam fazer em casa.
“É simples e fácil de fazer, podem criar o vosso em casa”, assume.
A farmacêutica, que é também empresária (tem uma loja online de venda de cosméticos e produtos naturais), conta que todo o processo de produção é caseiro, e que a maior dificuldade actual é encontrar os ingredientes.
“O último stock que consegui já está praticamente a acabar. Alguns dos meus fornecedores estão já a ter problemas em fazer a entrega devido à situação que estamos a viver”, lamentou.
Adiato Baldé assume que as “fórmulas desses desinfectantes não foram aprovada por nenhuma autoridade competente” mas apesar disso “tenho feito dois desinfectantes, um com os ingredientes naturais que todos temos na nossa cozinha e outro com a fórmula standard, com álcool na sua composição. Nesse último, segundo as recomendações da Organização Mundial da Saúde”, disse.