Os seis principais bancos dos Estados Unidos começam a apresentar os resultados do primeiro trimestre nesta terça-feira e o seu desempenho vai tirar uma fotografia mais nítida aos impactos da Covid-19.
Segundo os analistas, os lucros devem contrair entre 25% e 60% e os investidores vão centrar as atenções na qualidade do crédito.
O novo coronavírus já começou a abalar a economia dos Estados Unidos, sem que seja possível determinar com certeza o que as consequências que aí vêm, embora o cenário de recessão económica seja o mais provável, devido à queda da actividade económica, segundo os analistas.
No entanto, esta semana será possível tirar uma fotografia mais nítida aos impactos da queda abrupta da actividade económica e que já levou cerca de dez milhões de norte-americanos a pedirem subsídios de desemprego quando os principais bancos de Wall Street apresentarem os resultados relativos ao primeiro trimestre do ano.
Esta semana será possível tirar uma fotografia mais nítida aos impactos da queda abrupta da actividade económica e que já levou cerca de dez milhões de norte-americanos a pedirem subsídios de desemprego quando os principais bancos de Wall Street apresentarem os resultados relativos ao primeiro trimestre do ano
O JPMorgan Chase e o Wells Fargo dão o pontapé de saída a mais uma época de resultados esta terça-feira, seguindo-se o Goldman Sachs, o Morgan Stanley, Citigroup e Bank of America, na quarta-feira.
A taxa de desemprego é um factor exógeno aos bancos e que terá seguramente bastante influência no seu desempenho, particularmente no mês de março, uma vez que dois terços do PIB norte-americano depende do consumo interno. Por essa via, o balanço das instituições financeiras poderá ser afectado, nomeadamente ao nível da carteira de mal-parado, das provisões e das reestruturações de créditos.
Os analistas do banco de investimento Keefe Bruyette & Woods (KBW) apontam agora uma quebra de 58% dos denominados ‘bancos universais’ no primeiro trimestre do ano por causa do aumento do desemprego e do mal-parado e da contínua pressão na margem financeira dos bancos devido ao contexto das baixas taxas de juro.
O JPMorgan Chase e o Wells Fargo dão o pontapé de saída a mais uma época de resultados esta terça-feira, seguindo-se o Goldman Sachs, o Morgan Stanley, Citigroup e Bank of America, na quarta-feira
Na mesma linha, os analistas do Oppenheimer, um banco de investimento, antecipam que o pico da taxa de desemprego nos Estados Unidos ocorra entre Julho e Setembro, o que significa que o aumento do crédito malparado da banca norte-americana no primeiro trimestre de 2021.
“Vemos os resultados core a cair ao longo de 2020 até chegarem ao fundo no primeiro trimestre de 2021, antes de retomarem no quarto trimestre”, escreveram os analistas do Oppenheimer numa nota enviada a clientes.
Seguramente um dos indicadores dos bancos mais relevantes na actual conjuntura prende-se com as provisões. Quanto capital terão os bancos posto de parte para cobrirem perdas com créditos? “Ninguém sabe o montante das perdas para crédito”, disse Jon Curran, senior investment manager da Aberdeen Standard Investments, uma gestora de ativos britânica.
Certo é que o montante de provisões para crédito vai sinalizar a atitude dos bancos em face dos impactos económicos da Covid-19: quanto mais avultadas, maior será o receio de um aumento das perdas por imparidade decorrentes de créditos em incumprimento.
Os analistas e investidores também estarão centrados na reestruturação de créditos que, de resto, decorre de recomendações regulatórias nos Estados Unidos. Apesar de um crédito reestruturado não ser qualificado como crédito em incumprimento, a medida poder-se-á tornar num pesadelo para as instituições financeiras se a queda da actividade económica se prolongar por mais tempo do que o esperado. Nessa altura, os créditos reestruturados terão de ser reclassificados, passando a ser classificados como créditos em incumprimento e, portanto, contando para a carteira de crédito mal-parado.
Outra questão que estará no centro das atenções prende-se com a remuneração aos acionistas. Os presidentes executivos do Goldman Sachs, Morgan Stanley e Citigroup já anunciaram que pretendem distribuir dividendos relativos ao exercício de 2019. Em sentido contrário, Jamie Dimon anunciou que os iria suspender se a economia norte-americana contrair 35% no segundo trimestre e o arrefecimento da economia se prolongar até ao final do ano.
Resultados por acção e preço da acção em queda livre
Os analistas do Oppenheimer reviram em baixa os lucros por acção e os preços dos títulos negociados em bolsa das seis instituições financeiras.
Apesar de os analistas não esperarem prejuízos, os cortes dos resultados por ação previstos pelos analistas chegam até aos 62% no caso do Goldman Sachs, de 25 dólares para 9,52.
Na bolsa, o preço das ações destes seis bancos caiu de forma abrupta. Desde o início do ano até sexta-feira, 10 de Abril, as quedas vão dos 19,64% (Morgan Stanley) até aos 40,66% (Citigroup).
Neste momento, os analistas do Oppenheimer apenas têm recomendação de compra para quatro destas seis instituições financeiras, embora tenha cortado o respectivo preço-alvo entre 30% e 40% face ao preço-alvo anterior.
O Morgan Stanley foi o mais penalizado, com um corte de 39%, com o preço-alvo da acção a passar dos 76 dólares para os 46 dólares. Seguiu-se o Bank of America, com um corte de 33%, de 45 dólares por acção para os 30 dólares. O Goldman Sachs viu o preço-alvo cortado em 24%, de 367 dólares para os 278 dólares, e os analistas do Oppenheimer cortaram em 23% o preço-alvo da acção do Citigroup, de 122 dólares para os 93 dólares.