África tem 48 países com testes à covid-19 e compete com o “mundo desenvolvido” no acesso a testes e material de protecção, revelou hoje o director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).
John Nkengasong, que falava durante um encontro online com a comunicação social a partir de Adis Abeba, na Etiópia, sublinhou “o feito” que a União Africana alcançou ao conseguir que, em duas semanas, o número de países com capacidade de testar a covid-19 passasse de dois para 43, situando-se actualmente nos 48.
“Se tivéssemos começado em Janeiro, todos os países já teriam esta capacidades de diagnóstico”, disse.
O director do África CDC sublinhou que, graças à existência destes testes de diagnóstico, é possível quantificar hoje o número de infectados no continente.
Segundo afirmou, África regista actualmente 11 400 casos em 52 países, com 572 mortos e 1 313 recuperados.
O director do África CDC sublinhou que, graças à existência destes testes de diagnóstico, é possível quantificar hoje o número de infectados no continente
Aos jornalistas, John Nkengasong referiu que o continente está actualmente a competir com “o mundo desenvolvido” no acesso a estes diagnósticos e também a material de protecção como máscaras e fatos.
E deixou um recado: “O inimigo é o vírus e um vírus perigoso. Não podemos politizar esta situação, pois tal seria devastador para nós”.
“O inimigo é o vírus e não organizações como a Organização Mundial de saúde (OMS) ou a União Africana”, advertiu.
Virologista de profissão, John Nkengasong assumiu que nunca imaginou que iria viver para um dia assistir a uma situação tão devastadora como a pandemia de covid-19.
“Quando estudamos virologia, estudamos estes casos nos livros, como a situação de 1918”, disse, numa referência à “gripe espanhola” que, entre 1918 e 1920, infectou 500 milhões de pessoas.
Os países africanos com mais infecções por covid-19 são actualmente a África do Sul (1 800), Argélia (1 500), Egipto (1 500), Marrocos (1 200) e Camarões (650).
O inimigo é o vírus e um vírus perigoso. Não podemos politizar esta situação, pois tal seria devastador para nós
Em pelo menos uma dezena de outros países, o número de casos confirmados é na ordem das centenas.
Todos os países africanos lusófonos registam casos da doença, com a Guiné-Bissau a ser o mais afectado, contabilizando 33 pessoas com infeções pelo novo coronavírus.
Angola soma 17 casos confirmados de covid-19, contabilizando duas mortes.
Moçambique mantém 10 casos declarados de infecção pelo novo coronavírus e Cabo Verde totaliza sete casos de infecção desde o início da pandemia, entre os quais um morto.
São Tomé e Príncipe, o último país africano de língua portuguesa a detectar casos da doença no seu território, regista quatro casos confirmados.
Na Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, estão confirmados 16 casos positivos de infecção pelo novo coronavírus.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 87 mil.
Dos casos de infecção, cerca de 280 mil são considerados curados.
Agência Lusa