Espera-se que a reunião através de vídeo-conferência marcada para hoje entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo OPEP e seus aliados, liderados pela Rússia, e que compõem a OPEP+ “seja bem-sucedida”, em relação ao último encontro no início de Março que terminou em fracasso.
O Brent, que serve de referência para a região, está em “banho-maria”, à luz da esperança que os investidores têm sobre a reunião entre os membros da OPEP+ e outros grandes produtores relevantes aliados dos Estados Unidos, o que daria OPEP++, a aderirem à proposta de corte de 10 ou 15 milhões de barris na produção global.
Deste modo, o intento de aumentar os preços do (Brent & WTI), em forte declínio nas bolsas, pode tornar-se efectiva, ao mitigar-se, em certa medida, o excesso de oferta no mercado e os stocks a nível mundial. Por outro lado, pode gerar maior elasticidade na actual fraca procura por petróleo, por causa da disseminação da pandemia do covid-19.
A solução precisa e sustentada a curto e médio prazo para o aumento nos preços nas bolsas de Londres e Nova Iorque, passa essencialmente pelo corte na produção, coordenado com os novos aliados de peso do Cartel
Por conseguinte, a solução precisa e sustentada a curto e médio prazo para o aumento nos preços nas bolsas de Londres e Nova Iorque passa, essencialmente, por um corte coordenado com os novos aliados de peso do Cartel, nomeadamente, EUA (13 milhões barris), Canadá (5,78 milhões barris), Brasil (3,06 milhões de barris) e a Noruega (2,1 milhões barris), que totalizam mais de 25% de toda produção mundial de petróleo.
Dúvidas em relação as restrições
A administração do Presidente Trump, ainda tem algumas reservas sobre a eventual adesão as restrições domésticas, devido à limitação legal, “Antitrust”, advogando ser ilegal que os produtores de petróleo se reúnam para discutir o aumento dos preços do petróleo, preterindo as forças livres de mercado. No entanto, existe uma brecha na lei, tornando perfeitamente legal o seguinte: “Se os reguladores das federações ou os governos federais, instituírem níveis mais baixos de produção para os produtores locais”, o que abre margens para a adesão das Empresas americanas a um eventual acordo alcançado mais logo.
Entretanto, prevê-se que, mesmo com a adesão mais alargada ao grupo OPEP+ dos EUA, Canadá, Brasil e Noruega, ela ainda seja muito inferior à redução da procura que se espera, devido à paralisação generalizada e parcial de alguns sectores da economia mundial, tais como as Industrias da aviação, automóvel e outras grandes consumidoras de energia. Por isso, mesmo corte de 10 a 15 milhões de barris pode não ser suficiente para estabilidade que todos procuram alcançar.
Com as receitas do petróleo responsáveis por mais de 80% das RIL (Reservas Internacionais Líquidas) dos três maiores produtores de petróleo africanos — Angola, Nigéria e Argélia — o cenário que se afigura para as economias petrolíferas de África é, nesta altura, bastante negro. Face ao alargado conjunto de mercados fortemente dependentes desta commodity e com orçamentos anuais baseados num preço de barril que está a menos de metade do previsto no final de 2019 —como são os casos de Angola, Nigéria ou Argélia ou, de forma mais indirecta, Moçambique — todos eles torcerão desesperadamente para que se chegue a um acordo que garanta a continuidade e a sobrevivência da indústria — e das suas próprias economias— no curto e médio prazos com as consequências cambiais e económicas que daí adviriam.