Os economistas dos grandes bancos antecipam perdas de 5 biliões de dólares no PIB global nos próximos dois anos, e que a economia não vai voltar aos níveis pré-vírus antes de, pelo menos, 2022.
A pandemia do novo coronavírus deverá “roubar” ao crescimento global cerca de 5 biliões de dólares durante os próximos dois anos, um valor que supera o PIB anual do Japão.
Esta é a perspectiva dos economistas dos grandes bancos de Wall Street, cujas estimativas e pontos de vista foram compilados pela Bloomberg
Ainda que a contração possa não ser muito duradoura, os especialistas acreditam que o mundo está prestes a enfrentar a pior recessão, em tempos de paz, desde a década de 1930, e que o PIB não deverá regressar aos níveis pré-crise pelo menos até 2022.
Nesta altura, com o número de casos confirmados a ultrapassar a barreira de 1,5 milhões a nível global, alguns países começam a traçar o regresso à normalidade, depois de Wuhan – o epicentro da pandemia da covid-19 – ter sido oficialmente reaberta esta semana, ao fim de 76 dias de isolamento.
Os especialistas alertam para o equilíbrio delicado entre estimular a reabertura das economias e evitar que o retorno à normalidade possível penalize os esforços de controlo da doença
Itália, por seu lado, deverá prolongar o confinamento por mais duas semanas depois de uma subida do número de novos infectados, tal como o Reino Unido, que deverá manter as restrições, numa altura em que o primeiro-ministro Boris Johnson permanece nos cuidados intensivos.
Os especialistas alertam para o equilíbrio delicado entre estimular a reabertura das economias e evitar que o retorno à normalidade possível penalize os esforços de controlo da doença.
Os economistas do JPMorgan contabilizam as perdas em 5,5 biliões de dólares ou quase 8% do PIB até ao final do próximo ano
“A trajectória importa muito”, afirma Catherine Mann, economista-chefe do Citigroup, que prevê um rombo global de cerca de 5 biliões de dólares. “Se a trajectória for positiva, isso dará confiança às empresas e às pessoas que sentirão que podem conseguir um emprego. Esse é um ingrediente essencial para a segunda metade do ano e para 2021”.
Os economistas do JPMorgan contabilizam as perdas em 5,5 biliões de dólares ou quase 8% do PIB até ao final do próximo ano. Para as economias desenvolvidas, o custo será semelhante ao observado nas recessões de 2008-2009 e 1974-1975.
Para o Morgan Stanley, apesar da resposta política agressiva que está a ser dada nesta pandemia, os países desenvolvidos não vão voltar aos níveis pré-vírus antes do terceiro trimestre de 2021.
Já o Deutsche Bank considera que os “custos persistentes e o efeito de cicatrização” deixarão as economias dos EUA e da União Europeia 1 bilião de dólares abaixo das expectativas pré-vírus até ao final de 2021.
A Organização Mundial do Comércio disse esta quarta-feira que a pandemia pode causar um colapso mais profundo dos fluxos de comércio internacional do que em qualquer momento da era do pós-guerra. O Fundo Monetário Internacional deve anunciar as suas últimas previsões na próxima semana.