Um milhão de pequenas e médias empresas (PME) de Itália corre o risco de falir devido às medidas de confinamento impostas pelo Governo, vigentes até 13 de Abril, denunciou hoje a Associação de Cooperativas italianas.
A Confcooperative, uma das principais associações de cooperativas do país, adverte que “serão necessários dois anos para recuperar os níveis de crescimento que o país tinha em Janeiro de 2020”.
No relatório hoje divulgado, a associação reconhece que as medidas de confinamento a nível nacional estão a dar resultados na contenção da covid-19, mas incentiva a recuperar quanto antes a actividade produtiva, também a não essencial que foi suspensa, porque, caso contrário, “um milhão de PME corre o risco de desaparecer, com consequências sem descrição em termos de facturação e emprego”.
Segundo a Confcooperative, metade das empresas mantêm-se porque continuam a oferecer serviços essenciais, mas pede para devolver a actividade às que não o fizeram, porque “os motores do sistema empresarial devem manter-se para recuperar o impulso no crescimento do país”.
Metade das empresas mantêm-se porque continuam a oferecer serviços essenciais, mas pede para devolver a actividade às que não o fizeram, porque os motores do sistema empresarial devem manter-se para recuperar o impulso no crescimento do país
A associação pede mecanismos ao Estado para “garantir liquidez imediata a todas as empresas” em dificuldades e avisa que as exportações se veem ameaçadas com a actual situação em cerca de “200 mil milhões de euros, que equivalem a 65,8% do valor total”.
Também pede linhas de acesso ao crédito de forma rápida para as empresas, que eliminem a tradicional burocracia da banca, e para que as administrações públicas paguem as suas dívidas, porque o tecido empresarial não pode continuar a ser o colchão das autoridades estatais e locais.
As medidas de confinamento nacional tiveram um impacto em termos de emprego fundamentalmente nos setores industriais
A Confcooperative indica que as medidas de confinamento nacional tiveram um impacto em termos de emprego fundamentalmente nos sectores industriais, onde 62,2% dos trabalhadores foram atingidos, na construção (58,6%) e nos serviços (35,8%).
Finalmente, a associação pede à União Europeia (UE) para aprovar a emissão de dívida conjunta, os denominados ‘coronabonds’, para que esta pandemia “não pese sobre a dívida de países individuais”, medida defendida por países como Itália ou Espanha e à qual se opõem a Alemanha e a Holanda.
“Só com uma União Europeia unida e solidária evitaremos uma catástrofe económica e o fim do sonho chamado Europa”, justifica.
O executivo italiano aprovou um confinamento total a nível nacional e a suspensão de todas as actividades produtivas não essenciais desde 09 de Março e até 13 de Abril para tentar conter a covid-19.
Para atenuar o impacto económico, o Governo italiano aprovou em Março um pacote de ajudas de até 25 mil milhões de euros, com o que prevê mobilizar até 350 mil milhões, e esta semana anunciou medidas de estímulo de até 400 mil milhões de euros em créditos para empresas, metade para o mercado interno e a outra metade para fortalecer as exportações.
O Estado dará garantias até 90% dos empréstimos de até 200 mil milhões para empresas de todo o tipo, sem limite na sua facturação.
Agência Lusa