A Organização Mundial de Saúde (OMS) vai reavaliar as suas recomendações sobre o uso de máscaras para prevenir as pessoas da contaminação com o vírus corona, disse, recentemente, David Heymann, que presidir o grupo de especialistas que vai tratar do assunto.
O presidente do grupo disse que a equipa vai analisar novos dados que estimam que o vírus possa ser projectado para mais longe do que se pensava.
Um estudo norte-americano sugere que o vírus projectado pela tosse atinja seis metros e pelos espirros oito metros
Actualmente, a OMS considera que as máscaras só devem ser usadas pelas pessoas que já estão infectadas com a Covid-19 ou que cuidam dos doentes.
“Está provado que um elevado número de pessoas infectadas permanece assintomática”, explicou Robert Redfield à rádio NPR, reconhecendo que “se usassem uma máscara, poderiam reduzir mecanicamente as transmissões até 25%”.
O Diretor do Instituto de Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, que se tornou o principal conselheiro do executivo dos EUA sobre o vírus corona, também admitiu que o grupo de trabalho da Casa Branca tem tido “debates muito activos” sobre o assunto.
Fauci reconheceu que a hesitação inicial em recomendar o uso generalizado não se baseou em nenhum argumento científico, mas na escassez de máscaras, pois, na verdade, os Estados Unidos, como a França e outros países, não tinham e ainda não têm máscaras suficientes para as necessidades do pessoal médico e de toda uma população.
“Mas uma vez que tenhamos máscaras suficientes, será seriamente considerada a recomendação de uso de máscaras por todos”, garantiu.
O eco.sapo, citando o Washington Post, refere que as autoridades poderão optar por recomendar máscaras artesanais à população em geral, reservando as de qualidade médica para os cuidadores de infectados.
Na China, Japão, Hong Kong, Taiwan ou Singapura, ninguém sai à rua sem máscara, hábito que começa agora a notar-se também em algumas partes da Europa.
“o uso de máscaras pela comunidade” pode “reduzir o risco de contaminação”
Na República Checa, as máscaras passaram a ser obrigatórias e o Governo deu o seu aval a um vídeo que defende que o país conseguiu diminuir os contágios da Covid-19 graças a esse hábito.
O primeiro-ministro checo enviou uma mensagem ao Presidente dos Estados Unidos, recomendando seguir o exemplo daquele país da Europa de leste.
“Senhor Presidente @realDonaldTrump, tente atacar o vírus à maneira checa”, escreveu Andrej Babis na rede social Twitter.
A experiência da República Checa já foi seguida pela Eslováquia, pela Eslovénia e pela Áustria, tornando obrigatório o uso de máscara.
No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) continua a defender que as máscaras só devem ser usadas pelas pessoas infectadas ou que cuidam dos doentes.
Numa conferência de imprensa realizada na segunda-feira, em Genebra, o Diretor Executivo do programa de emergências em saúde da OMS, Mike Ryan, alertou para o uso correcto de máscaras uma vez que o uso incorrecto “pode, na verdade, aumentar o risco de infecção pelo vírus corona”.
Segundo o responsável da OMS, “não existem provas específicas que sugiram que o uso de máscaras pela população em massa tenha algum benefício potencial”.
Portugal segue – através da Direção-Geral de Saúde – a posição da OMS, mas também está a rever a possibilidade de mudar as orientações.
Segundo noticiou o Diário de Notícias na quarta-feira (1), um grupo de especialistas que integra o Programa português de Prevenção e Controlo de Infeções e Resistência Antimicrobianas está a rever a orientação e admite alargar o uso da máscara a mais segmentos da população e de actividades profissionais.
Ainda assim, refere a mesma fonte, “de modo nenhum será aceite o uso generalizado de máscara. Não faz sentido, pelo menos por agora”.
A recomendação ou imposição à população em geral de usar máscara conta com argumentos a favor e contra de muitas instituições reconhecidas.
É o caso da Universidade norte-americana Johns Hopkins, que divulgou um gráfico no qual sugere que, nos países onde a máscara foi tornada obrigatória, o número de infectados começou a estabilizar cerca de um mês depois do surto (no caso, depois da contabilização de 100 casos), enquanto países como Reino Unido, França, Alemanha, Espanha e, sobretudo, Itália e Estados Unidos, continuam a ver os contágios aumentarem exponencialmente.
Argumento seguido também em Portugal pelo Conselho das Escolas Médicas.
“A experiência de países como China, Macau, Taiwan, Singapura, Coreia do Sul é muito consistente”, defendeu o conselho num comunicado divulgado na semana passada, sublinhando que o uso generalizado de máscara é recomendado por várias entidades internacionais.
Para o Conselho das Escolas Médicas, “o uso de máscaras pela comunidade” pode “reduzir o risco de contaminação”, sendo que “quatro em cada cinco indivíduos contaminadores desconheciam que estavam infectados no momento em que infectaram terceiros”.
