As empresas da empresária angolana Isabel dos Santos que, em conjunto com a Sonaecom controlam a operadora NOS, consideraram este domingo que o arresto das suas participações na empresa, anunciado no sábado, é “abusivo” e “excessivo”.
Garantindo ter tomado conhecimento pela comunicação social e pela Sonae do arresto das suas participações sociais na ZOPT – detida pelas angolanas Kento e UIH e pela Sonae e acionista controladora da NOS – o grupo de Isabel dos Santos diz que “não se pode conformar com a decisão”.
A Sonaecom anunciou no sábado que o tribunal decidiu proceder ao arresto preventivo de 26,075% do capital social da NOS, na sequência da publicação de notícias sobre esquemas alegadamente fraudulentos que envolvem a empresária angolana Isabel dos Santos.
A Sonaecom anunciou no sábado que o tribunal decidiu proceder ao arresto preventivo de 26,075% do capital social da NOS
Na reação divulgada este domingo, a Kento e a UIH assumem “disponibilidade de colaboração com as autoridades judiciais portuguesas”, mas sublinham que a decisão partiu de um pedido da Justiça angolana “claramente abusivo”.
O pedido “visará proteger um alegado direito de crédito do Estado angolano, ainda não comprovado, e reclamado junto da acionista das empresas UIH e Kento”, mas “em Angola já se encontra arrestado património para o mesmo fim desde Dezembro 2019”, alega o grupo.
“Além de estarem a arrestar o que não é devido, as autoridades angolanas ainda solicitam que a Justiça portuguesa aplique medidas judiciais contra UIH e Kento, empresas estas que nada tem que ver com os alegados créditos”, contesta a empresária, lembrando que a decisão vai impedir “o pagamento de salários a trabalhadores em Portugal, Cabo Verde e São Tome e Príncipe” e de “licenças e impostos a todas autoridades fiscais”.
Além disso, queixa-se o grupo da empresária, a decisão judicial impede “o direito de voto do acionista, sem observar que [isso] contraria a norma legal expressa num arresto como penhora”.
Isabel dos Santos estranha ainda que, em Angola, as autoridades judiciais não tenham aplicado nenhuma restrição no funcionamento normal das empresas.
Considerando que o pedido da justiça angolana é “incongruente” e usa indevidamente a justiça portuguesa “para atingir fins não legais e desproporcionais”, a empresária pede ponderação.
No comunicado divulgado este domingo, Isabel dos Santos aconselha às autoridades portuguesas que “atentem sobre estes factos sob pena de estarem a condenar à falência e a provações empresas e trabalhadores, e famílias, de uma forma inaceitável e com base numa postura desproporcionada e dual da justiça angolana”.
Agência Lusa