O número de profissionais que estão a ficar sem emprego ou que estão a recorrer aos programas criados pelos governos para que tenham proteção até a crise passar está a aumentar um pouco por todo o mundo.
Dos Estados Unidos da América a Espanha, há valores inéditos a serem alcançados, mostrando um efeito económico devastador da paralisação causada pela covid-19 – uma pandemia que já infetou mais de 1 milhão de pessoas.
O Financial Times faz esta sexta-feira um percurso por vários países ocidentais em que compila os dados relativos a emprego já conhecidos na sequência das medidas restritivas que os governos estão a impor.
Nos EUA, os números são impressionantes. Foram mais de 6,6 milhões de americanos a preencher os pedidos de subsídio de desemprego na semana passada, um número nunca antes visto. Tal como, na semana anterior, já se tinha registado um valor inédito: 3,3 milhões de americanos.
Ao todo, em duas semanas, o Departamento do Trabalho americano registou uma forte procura por nova proteção contra o desemprego, num total em torno de 10 milhões de pessoas.
Estados Unidos e Espanha batem recordes no que diz respeito a desemprego. Mas há milhões de pessoas em regime de trabalho parcial ou com salário subsidiado
Segundo os dados do FT, a média semanal de novos pedidos de desemprego é de 350 mil, sendo que o pico semanal nunca superou os 700 mil desde 1967.
Um sinal para o mundo quando a informação vem daquela que é a maior economia do mundo. Mas o resto do mundo também já está a sentir os efeitos da covid-19, não só a nível de resposta sanitária como também económica.
Em Espanha, no mês de Março, perderam-se 839 mil empregos. É o maior número de queda nos inscritos na Segurança Social como empregados, segundo os dados do Governo espanhol.
Segundo o El País, um conjunto de 620 mil profissionais abrangidos pelo regime criado para a suspensão de postos de trabalho devido à pandemia (ERTE).
Em França, quatro milhões de funcionários estão sob o sistema criado pelo Governo para o trabalho temporário, segundo anunciou a ministra do Trabalho, Muriel Pénicaud. A própria governante pôs o número em perspectiva: “é o mesmo que dizer que um trabalhador em cada cinco existentes em França, em empresas ou em associações [do sector privado], está em trabalho parcial”, como cita o Le Figaro.
Ali bem perto, na Irlanda, foram cerca de 34 mil empresas as que pediram a adesão ao programa de subsídios ao pagamento de salários em menos de uma semana, segundo o FT.
No Reino Unido, praticamente um milhão de pessoas conseguiu inscrever-se para receber o chamado “crédito universal”, um conjunto de esquemas de compensação do país, nas duas últimas semanas de Março – que pode ser pedido por quem tem emprego, mas que perdeu rendimento. A BBC adianta que o Governo esperava um aumento de 100 mil inscrições neste período. É quase dez vezes mais. Este sistema, em Outubro de 2019, contava com 2,6 milhões de beneficiários.
A Organização Internacional do Trabalho já fez um estudo sobre o impacto causado pela pandemia e antecipa que a crise possa causar o desemprego de mais de 25 milhões de desempregados no cenário mais adverso (ou 5,3 milhões no cenário mais benigno).