O Fórum para a Competitividade estima uma recessão da economia portuguesa entre 4% e 8% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, segundo a nota de conjuntura divulgada esta quinta-feira.
Segundo o Fórum para a Competitividade, se a pandemia for contida nas próximas semanas, não só em Portugal como nas principais economias, pode haver uma “recuperação relativamente rápida, ainda que com limitações”. Neste cenário menos grave, a queda do PIB é estimada em 4%.
Já se crise se prolongar por mais tempo e as “medidas lançadas se revelem insuficientes”, a queda do PIB é estimada em 8%. “Como é evidente, estes valores estão sujeitos a revisão, mesmo a curto prazo, dada a avalanche de novidades em curso”, afirma o Fórum para a Competitividade na nota de conjuntura.
O Banco de Portugal estimou, a semana passada, que o PIB caia 3,7% num cenário base e 5,7% num cenário adverso, em 2020, devido à pandemia de covid-19.
“Estes valores estão sujeitos a revisão, mesmo a curto prazo, dada a avalanche de novidades em curso”
Segundo o Fórum para a Competitividade, o sector do turismo deverá ser dos mais afectados, já que mesmo numa melhoria da situação o receio de contágio deverá continuar a limitar as deslocações, penalizando o sector.
Ainda nesta nota de conjuntura, há uma estimativa para o défice orçamental de Ricardo Ferraz, professor do ISEG, que considera que o défice poderá situar-se entre os 8% e os 9% do PIB este ano.
O Fórum para a Competitividade considera que há medidas que o Estado está a tomar que são insuficientes, afirmando, por exemplo, que perante um problema de tesouraria e liquidez o Estado devia pagar no imediato os valores em dívida, sobretudo os atrasados. “Não seria isso preferível a aumentar o endividamento, mediante créditos extra-ordinários ou reembolsos apressados de subsídios, que serão escrutinados mais tarde”, questiona.
O Fórum para a Competitividade fala também de discriminações no apoio a médias empresas e a sócios gerentes e de condicionalismos de acesso aos incentivos fiscais, de Segurança Social e laborais, que diferem entre si, entre outras críticas.
Quanto ao ‘novo normal’, prevê que seja apenas em 2022, devido ao gradual que será o retomar da actividade.
Contudo, antecipa que, na sua óptica, há problemas que se manterão, como falta de fundos para a reestruturação e reconversão económica e fomento de actividades do futuro, a “pressão fiscal para alimentar gastos públicos galopantes” e a “aceitação acrítica” de “um Estado cada vez mais omnipresente”.
Agência Lusa