Enquanto o mundo luta para conter a propagação da pandemia de covid-19, no Turquemenistão os cidadãos podem ser presos só por dizerem a palavra “coronavírus”.
De acordo com a rádio NPR, que cita a organização não governamental Repórteres sem Fronteiras (RSF), o Governo deste país na Ásia central, liderado por Gurbanguly Berdymukhamedov, decidiu banir a palavra “coronavírus”.
A ONG sediada em França cita o Chronicles of Turkmenistan, um site de notícias independente, que refere que o Executivo turcomeno não só proibiu os media estatais de escrever ou pronunciar a palavra, como também ordenou a sua remoção de panfletos de saúde distribuídos em hospitais, escolas e locais de trabalho.
Segundo a Radio Free Europe/Radio Liberty, em Asgabate, capital do país, há até polícias à paisana que estão a deter pessoas que se atrevam a usar máscaras faciais ou a falar sobre a pandemia em público
Segundo a Radio Free Europe/Radio Liberty, em Asgabate, capital do país, há até polícias à paisana que estão a deter pessoas que se atrevam a usar máscaras faciais ou a falar sobre a pandemia em público.
A revista Newsweek acrescenta que o mesmo site de notícias, que está bloqueado no Turquemenistão, contou que o Governo disse não haver nenhum caso de covid-19 no seu território. Uma informação já negada pela Radio Azatlyk (o serviço de idioma turcomano da Radio Free Europe/Radio Liberty), que fala na existência de vários infectados.
“Negar o direito à informação não apenas coloca em risco os cidadãos turcomenos, como também reforça o autoritarismo imposto pelo Presidente Gurbanguly Berdymukhamedov. Instamos a comunidade internacional a reagir e a levá-lo a assumir a responsabilidade pelas suas sistemáticas violações dos direitos humanos”, apela em comunicado Jeanne Cavelier, responsável da RSF para a Europa do Leste e Ásia Central.
Apesar da resistência em abordar o tema coronavírus, o país já terá tomado medidas para prevenir a propagação da doença. Segundo o Chronicles of Turkmenistan, desde 24 de Março que os eventos desportivos foram cancelados e locais como ginásios, restaurantes e cafés foram encerrados.
Além disso, também passou a ser feito um maior controlo de entradas e saídas na capital, bem como na pequena cidade de Serhetabat, que faz fronteira com o Afeganistão, país onde há registo de vários infectados.
Importante recordar que o Turquemenistão também faz fronteira com o Irão, que, desde o início da pandemia, é um dos países mais afectados.