Os preços do petróleo têm deslizado profundamente desde o início do ano, mas esta semana deu-se uma grande inversão: o barril de Brent, negociado em Londres e referência para a Europa, recupera 24,99% para os 31,16 dólares, superando a fasquia dos 30 dólares pela primeira vez desde 16 de Março, e ensaiando o maior salto de sempre nos preços deste barril.
Nesta sessão, a subida é de 4,21%, após ter sido anunciado por fonte do cartel que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tem marcado um encontro virtual para a próxima segunda-feira, 6 de Abril, na qual deverá repensar a estratégia de produção que tem sido implementada, e que tem contribuído para a queda acentuada das cotações.
Esta é a terceira sessão consecutiva de largos ganhos para a matéria-prima, sendo que ontem chegou a disparar quase 47% durante a sessão, e fechou a subir 21,02%. A alimentar o otimismo esteve o anúncio, feito por Trump, de que a Arábia Saudita e a Rússia teriam concordado reduzir a produção em pelo menos 10 milhões de barris diários. Contudo, o Kremlin rapidamente veio contrariar esta informação, dizendo que não chegou sequer a discutir este assunto com os sauditas.
No mesmo dia, a matéria-prima já havia iniciado em alta com China a impulsionar. O gigante oriental comunicou que iria aproveitar a baixa cotação do barril para amealhar reservas, pelo que adquiriu largas quantidades. Na sessão anterior, o “ouro negro” esteve grande parte do dia em queda, mas acabou a valorizar quase 9%, perante a notícia de que Trump iria reunir com os executivos que gerem as maiores empresas do sector petrolífero nos Estados Unidos, de forma a discutir soluções para a quebra nos preços da matéria-prima.
Esta evolução acontece depois de o barril de Brent ter mergulhado 65,55% durante o primeiro trimestre do ano, que ficou marcado como o pior trimestre da história. A pressionar está o abalo na procura decorrente do isolamento social que foi decretado para contenção da pandemia de coronavírus, que tem travado a atividade económica e consequentemente a procura por petróleo.
O outro foco de preocupação, a guerra de preços entre os sauditas e russos, que ditou que Teerão reforçasse a produção como forma de pressão a Moscovo, parece estar a perder força. Ainda assim, mantém-se a ameaça da Arábia Saudita, de subir as exportações em 600 mil barris diários em Maio, depois de anunciar um reforço de 12,3 milhões de barris para Abril.