A British American Tobacco (BAT), maior tabaqueira do planeta que tem no seu portefólio marcas como a Lucky Strike ou a Camel e que também está presente em Moçambique, anunciou, esta quarta-feira que já se encontra “desenvolver uma potencial vacina para a Covid-19”.
A possível cura para as infecções pelo novo coronavírus, que surge de um projecto conjunto com a subsidiária Kentucky BioProcessing (KBP), está na fase de “testes pré-clínicos”, e, caso venha a ser aprovada, será distribuída numa base “não direcionada para o lucro”.
Para já, o processo está concentrado na empresa americana Kentucky BioProcessing, especializada em biotecnologia e que já trabalhou no desenvolvimento de um tratamento contra o ébola.
Utilizando folhas de tabaco, processo comum na indústria farmacêutica, a companhia clonou uma parte sequencial do vírus e agora trabalha na criação de uma molécula que pode gerar os anticorpos necessários para combater a doença.
Utilizando folhas de tabaco, processo comum na indústria farmacêutica, a companhia clonou uma parte sequencial do vírus e agora trabalha na criação de uma molécula que pode gerar os anticorpos necessários para combater a doença
A empresa prossegue, argumentando que esta tecnologia “é potencialmente mais segura, dado que as plantas de tabaco não conseguem armazenar patógenos que causem doenças humanas” e “mais rápida, porque os elementos da vacina nas plantas de tabaco acumulam muito mais rapidamente”.
“A formulação de vacina que a KBP está a desenvolver, permanece estável à temperatura ambiente, ao contrário das vacinas convencionais, que muitas vezes necessitam de refrigeração”, refere, acrescentando que “tem o potencial de desenvolver uma resposta imune efetiva numa só dose”.
O desenvolvimento da vacina já começou e está em fase pré-clínica. Nesta etapa, o antídoto ainda não foi testado em seres vivos e aguarda autorização das autoridades de saúde. A expectativa da BAT é que isso ocorra em breve.
O desenvolvimento da vacina já começou e está em fase pré-clínica. Nesta etapa, o antídoto ainda não foi testado em seres vivos e aguarda autorização das autoridades de saúde
Ainda assim, a BAT assinala saber que, “se os testes correrem bem”, será capaz de, “com os parceiros certos e o apoio das agências governamentais, produzir entre uma a três milhões de doses de vacina por semana, a partir de Junho”.
Um cenário, porém, improvável. Mesmo que recentemente Estados Unidos e Israel tenham começado a testar vacinas em humanos, a Organização Mundial da Saúde já se manifestou que uma vacina para prevenir a covid-19 poderia levar 18 meses para chegar ao mercado. “Acreditamos que temos feito um avanço significativo com a nossa plataforma tecnológica de folha de tabaco e estamos dispostos a trabalhar com os governos e todas as partes envolvidas para ajudar a vencer a guerra contra a covid-19”, afirmou David O’Reilly, diretcor de pesquisa científica da BAT à a AFP.
Com sede em Londres e avaliada em 65,5 mil milhões de libras, a companhia é conhecida por deter os direitos de marcas como Lucky Strike, Dunhill e Pall Mall.