É por estas incertezas que o desempenho de Wall Street em Abril é, por ora, uma incógnita. Irá recuperar ou continuar a corrigir?
Uns apregoam o “finalmente” o mercado corrigiu, depois de muitos meses de ruído acerca da sobreavaliação dos activos e a omnipresença da força da liquidez, proporcionada pelos bancos centrais na pressão compradora.
Outros ficaram com um sabor amargo na boca devido aos piores três meses para os Touros desde a crise financeira no S&P500, enquanto que o Dow Jones já não tinha um trimestre assim tão vermelho há mais de 30 anos, sendo que o estrago não foi pior por causa da recuperação da semana passada, que foi tão-só a melhor de sempre para o principal índice accionista.
Nesta fase, tudo isso é história e já não conta para nada. Aqui chegados, o mercado encontra-se numa encruzilhada
Recordo que, no final do ano passado, se estimava que os primeiros seis meses de 2020 seriam o período em que a economia norte-americana iria sacudir a fase de menor fulgor que ultrapassara nos dois semestres anteriores. Falava-se inclusive de um regresso ao crescimento dos lucros das empresas, ainda não de dois dígitos, mas já longe da zona de contracção.
Nesta fase, tudo isso é história e já não conta para nada. Aqui chegados, o mercado encontra-se numa encruzilhada. Não é certo que a correcção tenha sido suficiente, nem tão-pouco que as medidas já anunciadas pelo governo e banco central dos EUA sejam a panaceia para esta enorme dor de cabeça, que por ora é de liquidez, mas que em muito pouco tempo pode agravar para um problema de solvabilidade numa parte muito significativa da economia.
E se a maior economia do mundo ainda tem algumas hipóteses de sair do buraco num período de tempo razoável, segundo um estudo da McKinsey, a economia europeia terá muito mais dificuldades em ultrapassar este delicado momento. Segundo a mesma consultora, será a zona económica que mais irá contrair durante este ano, entre 4,4% (no cenário mais optimista) e mais de 9% (no cenário mais pessimista), no caso de a pandemia persistir por muito mais tempo, adiando a recuperação para 2023.
É por estas incertezas que o desempenho de Wall Street em Abril é por ora uma incógnita. Irá recuperar ou continuar a corrigir? É, no entanto, previsível que a volatilidade continue elevada, mas não tanto quanto a que atingiu nas últimas semanas. Nas matérias-primas vai ser muito interessante verificar o que vai acontecer com o preço do crude, que registou a maior queda de sempre num trimestre, estando agora perto dos 20 dólares por barril.
Os títulos da eléctrica nacional atingiram os máximos de 2008 nos 5 euros e, tal como na crise financeira, recuaram violentamente, fazendo um mínimo de curto prazo perto dos 3 euros, ou 40% de perda em menos de dois meses.