A fotografia do impacto da Covid-19 vai ficar um pouco mais nítida durante esta semana à medida que forem anunciados dados económicos relativos a diferentes geografias, e em Portugal líderes partidários vão discutir se o Parlamento debate a renovação do Estado de Emergência.
Na conferência de líderes, marcada para as 15h desta quarta-feira, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, reúne com os líderes dos partidos políticos para decidir se os deputados vão debater sobre o pedido de renovação de autorização do estado de emergência na quinta-feira.
O Estado de Emergência foi decretado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no dia 18 de Março, tendo entrado em vigor à meia-noite do dia 19, e vigora durante 15 dias.
IGCP acelera financiamento da Républica portuguesa
Os ministros das Finanças da zona euro deverão realizar uma reunião por tele-conferência para discutir os detalhes de uma linha de crédito
Cristina Casalinho, presidente do Instituto de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), revelou que esta semana será publicado o novo programa de financiamento de Portugal para o próximo trimestre, numa jogada de reacção ao impacto da pandemia da Covid-19 nas contas públicas.
Em entrevista na semana passada, Cristina Casalinho explicou que “o que as agências de gestão de dívida estão a fazer neste momento de incerteza é, por enquanto, não alterarem significativamente os seus programas, à excepção, por exemplo, da Alemanha que já anunciou mais 100 mil milhões de financiamento que vão ter de ser executados, as outras não foram tão taxativas”.
Dados económicos pressionados pela Covid-19
Na Europa, numa altura em que surgem divergências entre os Estados membros da União Europeia sob a forma de mitigação dos impactos económicos da Covid-19 na economia, os ministros das Finanças da zona euro deverão realizar uma reunião por tele-conferência para discutir os detalhes de uma linha de crédito no âmbito do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE).
O Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, voltou a defender a emissão de ‘coronabonds’ ao abrigo do MEE, numa entrevista ao “Expresso”. Na sua perspectiva, os recursos angariados pela dívida comunitária deveriam ser canalizados directamente para os cofres dos Estados-membros e reembolsáveis através do orçamento comunitário no longo-prazo, a 50 anos.
Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que a emissão de ‘coronabonds’ não se insere no plano da Comissão, além de ter chamado a atenção para a existência de “limites jurídicos” à emissão de dívida comunitária para responder aos impactos económicos do novo vírus corona.
Esta semana será publicado o novo programa de financiamento de Portugal para o próximo trimestre
A semana inicia-se com a divulgação dos índices de confiança dos consumidores e negócios relativos a Março na zona euro. No dia seguinte, será publicada a taxa de inflação da zona euro relativa ao mesmo mês, estimando-se uma forte redução do índice dos preços dos consumidores devido às medidas de confinamento e quarentena impostas em diversos países europeus por causa da Covid-19.
Em Portugal também será divulgada a primeira estimativa rápida da inflação de Março, assim como as estimativas mensais de desemprego relativas a Fevereiro.
Nos Estados Unidos, depois de na semana passada os pedidos para subsídios de desemprego terem disparado para níveis recorde, as estimativas apontam para nova subida à medida que a economia norte-americana começa a ressentir-se cada vez mais dos impactos do novo coronavírus.
O relatório sobre os salários de Março também vai trazer mais informação sobre o impacto económico da doença nos Estados Unidos quando for apresentado na semana. Será o primeiro relatório que terá em conta os encerramentos de diversas empresas e estabelecimentos comerciais, embora a maioria dos dados remonte apenas até ao dia 14 de Março e a maioria dos locais de trabalho encerraram já durante a segunda quinzena do mês.
Na China surgem mais informações depois de o país ter registado novos casos de infecção da Covid-19. Os índices PMI relativo a Março será apresentado esta terça-feira, com os resultados dos inquéritos regionais à manufactura a serem divulgados na quarta-feira. Os mercados, investidores e governantes estarão de olhos postos nos índices PMI chineses uma vez que vão demonstrar o verdadeiro impacto económico do novo coronavírus na segunda maior economia mundial.
Fim do primeiro trimestre nas bolsas
Esta semana marca o fim do primeiro trimestre nas bolsas mundiais, que registaram fortes perdas por causa da crise pandémica da Covid-19 e também, em parte, com o desentendimento na OPEP + entre a Rússia e a Arábia Saudita sobre o aumento de produção de petróleo.
Nos primeiros três meses do ano, o principal índice da bolsa nacional, o PSI-20 perdeu 24,38%, em linha com o Euro Stoxx 50, que inclui as 50 maiores cotadas europeias, que desvalorizou 21,14%.
Nos Estados Unidos, as perdas situaram-se entre os 16% e os 21,18% entre os três principais índices da bolsa de Nova Iorque. O tecnológico Nasdaq caiu 16,39%, o S&P 500 perdeu 21,34% e o industrial Dow Jones desvalorizou 24,18%.