“É difícil prever o curso dos acontecimentos, mas até hoje continuamos dentro dos prazos para fazer a entrega do primeiro carregamento de GNL [gás natural líquido] em 2024″, referiu fonte oficial da Total em Moçambique.
A declaração surgiu depois de o director executivo da empresa, Patrick Pouyanné, ter anunciado há uma semana o corte de um quinto nas despesas de investimento para este ano e reduções nos custos operacionais.
Em Moçambique, a Total mostrou-se “muito empenhada em impedir que a covid-19 chegue ao projecto na península de Afungi e às comunidades circunvizinhas” das obras de construção do megaprojecto de exploração da Área 1 de gás natural captado ao largo da costa de Cabo Delgado e canalizado para processamento em terra.
“Membros da força de trabalho local e expatriados em Afungi, capazes de desempenhar as suas funções remotamente, foram reposicionados no escritório da Total em Maputo ou na respectiva casa”, explicou a empresa.
Foi ainda revisto o “protocolo de rotação de outros membros da força de trabalho para manter as operações”.
A Total acrescentou acreditar que as duas medidas combinadas “reduzem em grande parte as viagens para dentro e para fora da área do projecto por pessoal que possa eventualmente ter contraído o vírus noutro lugar”.
Ou seja, ajudam a “reduzir significativamente o risco de propagação” do novo coronavírus, “além de permitir que o projeto progrida o máximo possível”.
O plano de desenvolvimento da Área 1 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, Norte de Moçambique, está avaliado em 23 mil milhões de dólares – o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do país, ou seja, a riqueza que o país produz a cada ano.
Haverá duas linhas de liquefacção de gás com capacidade total de produção de 12,88 milhões de toneladas por ano (medição para a qual se usa a sigla mtpa) e ao lado das obras da fábrica já está operacional uma pista de aviação.
No local nasce também um cais para navios cargueiros especiais poderem ser atestados com GNL que vai ser vendido sobretudo para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Eletricidade de França, Shell ou a britânica Cêntrica.
A Total lidera o consórcio da Área 1 com 26,5%, ao lado da japonesa Mitsui (20%) e da petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo participações menores à indiana ONGC Videsh (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%).
As outras duas petrolíferas que lideram o consórcio da Área 4, adjacente ao projecto comandado pela Total, adiaram hoje respostas à Lusa sobre o possível impacto nas suas actividades em Moçambique.
Ao contrário da Área 1, cuja decisão final de investimento (FID, na sigla em inglês) já foi tomada e em que a construção de infra-estruturas avança, a FID do projecto ‘onshore’ da Área 4 ainda está por anunciar.
Agência Lusa