A agência americana Moody’s colocou a banca de seis países europeus sob pressão, deixando as perspectivas em terreno negativo, o que assinala possíveis revisões em baixa dos “ratings”, ou seja, a classificação de risco atribuída às instituições financeiras.
O comunicado da agência refere que a Bélgica, Dinamarca, Espanha, Holanda, Itália e França são os países visados, devido ao impacto da pandemia da covid-19. Por agora, não houve qualquer actuação específica sobre a banca portuguesa.
“Embora os Governos estejam a colocar em terreno medidas de apoio de largo alcance, com o objectivo de reforçar a posição financeira de empresas e de aliviar o impacto negativo sobre o emprego e as famílias” a agência considera que “não serão suficientes para compensar totalmente o impacto adverso da paralisação induzida pelo coronavírus”, escreveu a Moody’s, esta quinta-feira, em comunicado.
Medidas dos Governos não são suficientes para compensar o impacto adverso da paralisação económica causada pela pandemia, diz a agência de “rating” dos Estados Unidos da América
A perspectiva sobre os sistemas bancários dos seis países estava em terreno “estável”, não indiciando razões para a mudança de ‘rating’, e passaram agora para “negativo”, o que indica que poderá, em breve, haver uma revisão em baixa dos “ratings” dos sistemas (e dos bancos que os integram).
A Alemanha e o Reino Unido já se encontravam nesta perspectiva, pelo que aí se mantêm. Os sistemas sueco e suíço continuam intactos em “estável”, já que a Moody’s acredita que serão mais capazes de absorver o choque.
A Moody’s acredita que haverá contrações nos primeiros e segundo trimestres de 2020, e acrescenta que a produção perdida entre Março e Junho não será recuperada.
“Com este ambiente, os problemas dos bancos com os créditos vão aumentar, ao mesmo tempo que as maiores necessidades de imparidades [dinheiro de lado para precaver perdas futuras] vão reduzir a rentabilidade dos bancos, que é já baixa em comparação com os pares globais”, acrescenta.
Hotelaria e restauração, aviação, automóvel e retalho são os sectores que mais vão sofrer, com as pequenas e as médias empresas “particularmente vulneráveis”, segundo a Moody’s.