O economista-chefe da ONG Comité para o Jubileu da Dívida argumentou, ontem, à Lusa que a pandemia da covid-19 “torna ainda mais vital” que Moçambique não pague as dívidas ocultas, defendendo uma moratória sobre as outras dívidas.
Em declarações à Lusa no dia em que a ONG lançou um relatório sobre o custo de emissão de nova dívida, Tim Jones disse que “a crise do novo coronavírus torna ainda mais vital que o povo de Moçambique não pague as dívidas ocultas”.
O dinheiro, vincou, “precisa de ficar em Moçambique para ajudar a financiar os serviços de saúde e lidar com a crise económica e a queda nos preços das matérias-primas”.
Para o economista-chefe desta organização que defende a emissão de dívida de forma responsável, “também é preciso uma moratória nos pagamentos de dívida a outros credores externos”.
O ex-ministro das Finanças enfrenta também um pedido de extradição para Moçambique
De acordo com a acusação, os empréstimos foram avalizados pelo então ministro das Finanças, Manuel Chang, mas o Governo moçambicano afirma que ele “não tinha autoridade” para assinar as garantias soberanas, que eram inconstitucionais e ilegais porque o parlamento não aprovou os empréstimos.
Em causa estão as dívidas ocultas do Estado moçambicano de mais de 2,2 mil milhões de dólares contraídas entre 2013 a 2014 em forma de crédito junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM, acentuando uma crise financeira que levou o país a entrar em incumprimento no pagamento aos credores internacionais (‘default’) e consequente afastamento dos mercados financeiros internacionais.
A denúncia apresentada pelo Governo alega que as três transações envolveram o pagamento de subornos a funcionários do Executivo, incluindo Chang, que está detido na África do Sul desde 29 de Dezembro de 2018, a pedido da Justiça dos Estados Unidos para julgá-lo em Nova Iorque por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou 341 300 pessoas, das quais 15 189 morreram, a maioria na Europa (9 197).
Foram registados mais casos de infeção em mais de 174 países e territórios desde o início da epidemia.
Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Vários países adoptaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.