Escolas, universidades, igrejas e outros espaços que concentram elevado número de pessoas suspendem, a partir de terça-feira, actividades em Angola para tentar travar a covid-19, havendo novas regras para entidades públicas e privadas.
Com o feriado que assinala hoje o Dia da Libertação da África Austral a prolongar o fim-de-semana, terça-feira foi o dia escolhido para a entrada em vigor das medidas com que Angola espera travar a doença, que incluem o fecho de fronteiras e a proibição de aglomerações públicas com mais de 200 pessoas.
Além da suspensão das aulas, muitas empresas decidiram privilegiar o tele-trabalho, incluindo a petrolífera estatal Sonangol, onde trabalham cerca de duas mil pessoas.
Vários bancos angolanos implementaram medidas extraordinárias de prevenção passando a fazer o atendimento de clientes à porta fechada
Ministérios e organismos públicos emitiram também circulares internas definindo novas regras: em muitos casos o atendimento ao público passa a ser feito em função de um agendamento prévio e a prova de vida de pensionistas foi adiada para evitar aglomerações de pessoas.
As visitas a reclusos estarão interditas temporariamente.
As actividades políticas vão igualmente estar condicionadas. A Assembleia Nacional decidiu, no dia 18 de Março, adiar as reuniões plenárias e partidos como a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) – reviram o seu calendário de actividades, adiando encontros, congressos e festejos.
Concertos cancelados e salas de cinemas e restaurantes encerrados são outras das consequências da epidemia que Angola quer a todo o custo tentar evitar.
Alguns restaurantes passaram a anunciar nas redes sociais alternativas para continuar a funcionar que passarão a disponibilizar entregas ao domicílio ou em regime de “drive in”, entregando as encomendas em parques de estacionamento.
As competições desportivas oficiais, de recreação e actividades juvenis, estão também suspensas por um período de 15 dias, bem como cultos e celebrações religiosas e espetáculos musicais.
Angola regista actualmente dois casos positivos da doença provocada pelo novo coronavírus, tratando-se de dois cidadãos angolanos que reentraram no país a 17 e 18 de Março, provenientes de Portugal, sendo um deles um administrador da Sonangol.O país fechou as suas fronteiras aéreas, terrestres e marítimas à circulação de pessoas a partir das 00h de 20 de Março por 15 dias, prorrogável por igual período em função do comportamento da pandemia.
Vários países adoptaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
A medida de suspensão de fronteiras não abrange voos de carga, nem os que sejam indispensáveis por razões humanitárias ou estejam ao serviço da política externa angolana. Também não é aplicável a atracagem e desembarque de navios de carga, sendo permitido também desembarcar tripulações por razões médicas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14 300 morreram.
Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir actualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5 476 mortos em 59 138 casos. Segundo as autoridades italianas, 7 024 dos infectados já estão curados.
A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, onde a epidemia surgiu no final de Dezembro, conta com um total de 81 054 casos, tendo sido registados 3 261 mortes.
Os países mais afectados a seguir à Itália e à China são a Espanha, com 1 720 mortos em 28 572 infecções, o Irão, com 1 685 mortes num total de 22 638 casos, a França, com 674 mortes (16 018 casos), e os Estados Unidos, com 390 mortes (31 057 casos).