A Câmara de Energia Africana (CEA), representante dos produtores de petróleo e gás em África, defendeu, ontem, que os governos devem isentar estas companhias do pagamento de impostos nos próximos três meses para garantir as operações.
“Os governos africanos devem considerar impor imediatamente cancelamentos ou adiamentos de pagamentos de impostos por um período de até três meses para as companhias africanas, empresas de exploração ou produção, e todas as companhias com programas de exploração activos”, disse o Presidente Executivo da associação, NJ Ayuk.
O responsável da CEA alertou: “são tempos difíceis para o petróleo e gás africanos, se o preço do petróleo não aumentar rapidamente, é provável que muitos empregos sejam perdidos nos países produtores de petróleo, e naqueles que estão prestes a conseguir explorar, sejam afectados fortemente”.
O crescimento previsto para este ano pode ser reduzido para quase metade
“As decisões finais de investimento, os novos desenvolvimentos e os projectos de gás também podem ser adiados ou cancelados, o que terá um efeito enorme em muitas empresas africanas e comunidades que encaram a indústria como uma oportunidade para saírem da pobreza e entrarem na classe média”, acrescentou.
O continente africano pode perder 110 mil milhões de dólares, em impostos, exportações de petróleo, empregos e contratos com companhias locais nos próximos três meses, de acordo com a CEA, alertando que “as empresas já estão a ser afectadas nos seus programas de exploração e têm de encontrar maneiras de angariar capital e conseguir explorar os poços de petróleo com sucesso”.
A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) alertou, na quarta-feira, que o crescimento previsto para este ano pode ser reduzido para quase metade, passando de 3,2% para 1,8% devido à pandemia do novo coronavírus.
Na apresentação do relatório sobre o impacto da pandemia no continente africano, que corta de forma muito significativa as previsões de crescimento para os países africanos, nomeadamente para os países exportadores de matérias-primas, a secretária executiva da UNECA, Vera Swonge, disse que o facto de a China estar a ser severamente afectada iria inevitavelmente afectar também o comércio em África.
“África pode perder metade do crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] devido a um conjunto de razões, que incluem as perturbações na cadeia de fornecimento global”, afirmou a responsável, notando que o continente está fortemente ligado à Europa, China e Estados Unidos da América.