A Economist Intelligence Unit (EIU) baixou quatro décimas de ponto percentual, de 4,2% para 3,8%, da previsão de crescimento da economia nacional para este ano, segundo o mais recente relatório sobre Moçambique.
A nova previsão, influenciada pela pandemia do Covid-19, representa uma taxa de crescimento dupla da registada em 2019, com 1,9%, que foi substancialmente mais baixa do que a observada em anos anteriores devido aos efeitos conjugados de duas tempestades tropicais – Idai e Kenneth – que atingiram as regiões centro e norte do país.
A EIU continua a afirmar que a tendência da economia de Moçambique será de crescimento, sendo que em 2021 e 2022 deverá registar uma taxa de 6,5%, a que se seguirá 8,1% em 2023 e 9,9% em 2024, último ano do intervalo analisado, empurrada pelos preparativos e mais tarde pelo início dos projectos de gás natural na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado.
A EIU menciona igualmente a visita a Maputo de uma missão técnica do Fundo Monetário Internacional, recentemente adiada devido ao Covid-19, para afirmar não ser de esperar o reinício do programa de assistência financeira ao país
O documento acrescenta que os apoios concedidos a Moçambique na sequência das duas tempestades farão com que o défice fiscal se reduza este ano, antes de aumentar em 2021 à medida que esses apoios vão desaparecendo, para voltar a reduzir-se no período entre 2022 e 2024 devido à introdução de uma política fiscal mais rígida.
O défice da balança de transacções correntes, por seu turno, tenderá a aumentar a partir de 2020 devido ao acréscimo da importação de bens ainda na sequência dos ciclones, manterá essa tendência ao longo de 2021 a 2023 devido à necessidade de importar bens de capital para iniciar a exploração de gás natural, mas deverá entrar num período de redução a partir de 2024, à medida que crescerem as exportações de gás natural liquefeito.
A EIU menciona igualmente a visita a Maputo de uma missão técnica do Fundo Monetário Internacional, recentemente adiada devido ao Covid-19, para afirmar não ser de esperar o reinício do programa de assistência financeira ao país, congelado em 2016 devido ao escândalo das dívidas ocultas, embora deva surgir um programa de apoio técnico sem que haja recurso à entrega de recursos financeiros.
O consumo privado tenderá, segundo a EIU, a entrar em contracção acentuada, sendo que oscilará entre uma taxa mínima de menos 12,8% em 2021 e máxima de menos 38,7% em 2024, sendo de certo modo aguentado pelo consumo público, que se manterá positivo em todos os anos do intervalo considerado, chegando a 2024 com um crescimento de 14,1%.
A formação bruta de capital fixo ou investimento é o indicador que destoa num conjunto que apresenta valores baixos ou negativos, com taxas de crescimento associadas à nascente indústria do gás natural que oscilam entre um máximo de 55,0% este ano e um mínimo de 28,0 em 2024, último ano do intervalo considerado e aquele em que se espera Moçambique esteja a exportar milhões de toneladas de gás natural liquefeito.