O dólar está a ganhar força à medida que os investidores procuram esta, que é a divisa mais líquida, para fazer face ao contexto de grandes quebras nos mercados.
Nesta quarta, o presidente americano Donald Trump afirmou que o desemprego nos Estados Unidos pode chegar a 20%. A declaração de Trump acelerou as perdas nas bolsas de valores de todo o mundo. Nos Estados Unidos, as negociações também tiveram de ser interrompidas ao começo da tarde, quando o índice S&P 500 bateu baixa de 7,01%. Assim como por toda a parte, por lá, as bolsas voltaram a cair na reabertura dos negócios.
No entanto, nem o corte na taxa de juro directora que foi operado pela Fed está a abalar a confiança dos investidores na nota verde, uma vez que medidas semelhantes também foram tomadas por vários bancos centrais mas a escassez de liquidez continua a ser um problema.
O dólar começou, nas bolsas europeias, por rumar no sentido descendente no início de Março, mas desde então recuperou. Desde dia 9 de Março, já subiu 5% contra um grupo de moedas de referência (face ao metical aumentou 12% desde o início de Fevereiro). Nesta sessão, o euro recua 0,24% para os 1,0971 dólares-
Petróleo regressa ao ano do SARS
As cotações de petróleo estão a reforçar as pesadas quebras depois de a Arábia saudita ter anunciado um aumento da produção para níveis históricos ao mesmo tempo que a procura está cada vez mais reduzida, devido às disrupções causadas pela epidemia de coronavírus.
O barril em Nova Iorque, o West Texas Intermediate (WTI) recua 4,60% para os 25,71 dólares, tendo tocado o nível mais baixo desde Maio de 2003, isto é, 17 anos – ano em que a epidemia de SARS surgiu na China. O “irmão” Brent, que é negociado em Londres e é a referência para a Europa, já fechou ontem a negociar abaixo da marca dos 30 dólares, e segue agora com uma queda de 2,58% para os 27,99 dólares.
A somar ao abrandamento da actividade económica que resulta do surto de coronavírus – e que deverá transformar-se numa recessão global – a Arábia Saudita anunciou ontem que iria exportar 10 milhões de barris de petróleo por dia em abril, o que representa um volume máximo histórico de exportação, depois de ter garantido que iria também aumentar a produção para mais de 12 milhões de barris diários no mesmo período.
Ouro de volta ao vermelho sem fundo à vista
O metal amarelo interrompeu ontem um ciclo de cinco quedas consecutivas, mas, esta quarta-feira, regressa ao vermelho. O ouro está a desvalorizar 2,34% para os 1.492,50 dólares por onça, anulando os ganhos de quase 1% da sessão anterior.
Durante o último ciclo de perdas, o ouro estava a cair pois os investidores necessitavam de colmatar as necessidades de liquidez resultantes das pesadas perdas nas bolsas de valores. “A subida a pique dos mercados norte-americanos na terça-feira aliviou por momentos a procura louca por dinheiro, acabando por dar suporte aos preços do ouro na sessão de quarta-feira”, explica um analista da IG Asia em declarações à Bloomberg. Contudo, o mesmo defende que “ainda é capaz de ser muito cedo para chamar a isto o fundo (das cotações) tendo em conta os mercados altamente voláteis que vemos”, apesar do estatuto de ativo refúgio deste metal.