Opresidente do Instituto Nacional de Petróleos (INP), Carlos Zacarias, defendeu esta quinta-feira a capacitação tecnológica e financeira das empresas moçambicanas, para poderem participar nos projetos de exploração de gás natural.
O responsável pela entidade reguladora do sector apontou os constrangimentos dos empresários nacionais, em conferência de imprensa sobre o chamado “conteúdo local”, conceito relativo à participação das empresas e mão de obra locais nos projetos desenvolvidos pelas multinacionais.
“A nossa base tecnológica é relativamente muito baixa, as nossas empresas, muitas vezes, não têm acesso ao capital, a crédito”, declarou Carlos Zacarias.
A nossa base tecnológica é relativamente muito baixa, as nossas empresas, muitas vezes, não têm acesso ao capital, a crédito
Para assegurar a participação de empresas e trabalhadores moçambicanos nos grandes empreendimentos energéticos, a legislação do país torna obrigatória a elaboração de planos de conteúdo local para todas as multinacionais, avançou o presidente do INP.
Os planos devem contemplar as componentes de formação e treino de recursos humanos, força de trabalho e prestação de bens e serviços.
Nesse âmbito, há multinacionais que se comprometeram a ajudar empresas moçambicanas no capítulo da certificação de qualidade dos seus bens e serviços e criação de fundos de apoio ao empresariado local.
O consórcio da Área 1 de exploração de gás natural na bacia do Rovuma, norte do país comprometeu-se a desembolsar 2,5 mil milhões de dólares para a compra de bens e serviços a serem prestados por empresas moçambicanas.
“Esse valor será gasto em serviços a serem empregues no local, como transporte, inertes e cimento”, referiu Carlos Zacarias.
A exploração de gás natural em Pande e Temane, província de Inhambane, que está em operação desde 2004, já gerou mais de 500 milhões de dólares, incluindo para a componente de prestação de bens e serviços por empresas moçambicanas, adiantou Zacarias.
Enquanto que o projecto da Área 1 da bacia do Rovuma vai extrair o gás no mar e processá-lo em terra, na península de Afungi, uma primeira exploração mais reduzida arranca na mesma zona (bacia do Rovuma) em 2022 através de uma plataforma flutuante de outro consórcio da Área 4 – liderado pela Exxon Mobil e Eni.
A Área 4 terá também uma exploração de grande dimensão, mas a decisão final de investimento ainda está por anunciar.
Os investimentos totais na exploração de gás ao largo de Cabo Delgado representam o maior investimento privado em curso em África, anunciaram os respetivos consórcios, com valores globais que podem chegar a 50 mil milhões de dólares.