OPrémio Ibrahim para a Excelência na Liderança Africana 2019 ficou sem vencedor pela oitava vez em 13 edições, anunciou ontem a fundação liderada pelo milionário sudanês, residente em Londres.
Num comunicado, a Fundação Mo Ibrahim indicou que o Comité do Prémio, entidade independente liderada pelo antigo Presidente do Botswana Festus Mogae, não seleccionou qualquer vencedor.
“O Prémio Ibrahim reconhece a liderança verdadeiramente excecional em África, celebrando modelos exemplares no continente. É atribuído a pessoas que, através de uma governação notável no seu país, contribuíram para a paz, a estabilidade e a prosperidade do seu povo. Com base nestes rigorosos critérios, o Comité do Prémio não pôde atribuir o prémio de 2019”, justificou Festus Mogae, que presidiu o Botswana entre 1998 e 2008.
O Prémio Ibrahim é o maior prémio anual atribuído no mundo, consistindo na atribuição de cinco milhões de dólares distribuídos ao longo de dez anos
Comentando a decisão do Comité do prémio – que já foi atribuído a dois antigos Presidentes de países de língua portuguesa, o moçambicano Joaquim Chissano, em 2007, e o cabo-verdiano Pedro Pires, em 2011 -, Mo Ibrahim disse estar “optimista” de que o prémio poderá ser atribuído “em breve” a “um candidato merecedor”.
“África enfrenta alguns dos mais complexos desafios do mundo, desde os desafios associados ao crescimento demográfico e ao desenvolvimento económico aos colocados pelos impactos ambientais”, disse Mo Ibrahim, acrescentando que o continente precisa de “líderes capazes de governar democraticamente e de transformar estes desafios em oportunidades”.
O milionário sudanês vincou que “dois terços” dos africanos “vivem hoje em países mais bem governados do que há dez anos”, sublinhando que se estão a “realizar progressos” em África.
A Fundação Mo Ibrahim é também responsável por um índice que avalia a boa governação nos países da África Austral
Os candidatos ao Prémio Mo Ibrahim são antigos chefes de Estado ou de Governo africanos que cessaram funções nos três anteriores anos civis, tendo sido democraticamente eleitos e cumprido o seu mandato constitucionalmente atribuído.
Desde que foi lançado, em 2006, o Prémio Mo Ibrahim foi atribuído em cinco ocasiões, tendo sido entregue pela última vez em 2018, à ex-Presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf.
Além de Joaquim Chissano (2007), Pedro Pires (2011) e de Ellen Johnson Sirleaf, foram galardoados os antigos chefes de Estado da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, em 2014, e do Botsuana, Festus Mogae, em 2008.
Nelson Mandela, antigo Presidente da África do Sul, foi distinguido como Laureado Honorário inaugural em 2007.
O Prémio Mo Ibrahim reconhece e celebra dirigentes africanos que, em circunstâncias difíceis, tenham desenvolvido os seus países, combatido com êxito a pobreza e aberto caminho para a prosperidade equitativa e sustentável, destacando também figuras que constituam exemplos excecionais para o continente.