O consórcio da Área 1 de exploração de gás natural em Moçambique disse ontem que está a trabalhar com as autoridades relevantes para garantir a segurança na zona de obras, no Norte do país, face à ameaça de ataques armados.
De acordo com uma fonte da empresa de energia e petróleos francesa Total, a empresa continua a “monitorizar de perto as condições” de segurança. “A segurança dos nossos trabalhadores e das empresas contratadas é um valor essencial para a Total”, sublinhou.
Há um ano, no final de Fevereiro de 2019, viaturas do consórcio (na altura ainda liderado pela petrolífera norte-americana Anadarko) foram atacadas e um condutor foi morto.
Os investimentos totais na exploração de gás ao largo de Cabo Delgado representam o maior investimento privado em curso em África
A vítima trabalhava para a empresa portuguesa de construção Gabriel Couto e foi a primeira e única vítima de violência armada na região ao mesmo tempo que estava ao serviço das obras de construção do mega-projeto de processamento de gás na península de Afungi, Palma.
Apesar de ataques nas imediações já terem posteriormente levado à paralisação de trabalhos como medida de precaução, a Total também revelou que as obras estão “a avançar a bom ritmo e no caminho certo para fazer a entrega do primeiro carregamento de gás natural liquefeito em 2024”.
A exploração dos recursos de gás natural ao largo da costa Norte do país tem potencial para tirar Moçambique do grupo de países mais pobres do mundo.
Enquanto que o projecto da Área 1 vai extrair o gás no mar e processá-lo em terra, na península de Afungi, uma primeira exploração mais reduzida arranca na mesma zona (bacia do Rovuma) em 2022 através de uma plataforma flutuante de outro consórcio da Área 4 – liderado pela Exxon Mobil e Eni. A Área 4 terá também uma exploração de grande dimensão, mas a decisão final de investimento ainda está por anunciar.
Os investimentos totais na exploração de gás ao largo de Cabo Delgado representam o maior investimento privado em curso em África, anunciaram os respectivos consórcios, com valores globais que podem chegar a 50 mil milhões de dólares.
A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fez, pelo menos, 350 mortos e afectou 156.400 pessoas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.