O antigo Secretário Executivo da Comissão Económica da ONU para África entende que os focos de insegurança no continente podem minar a efectiva implementação da zona do comércio livre.
Em Julho de 2019 foi lançado o Acordo de Livre-Comércio Continental Africano na cimeira da União Africana (UA), em Niamey, Níger. O propósito foi acordado por mais da metade dos países do continente.
Considerada a maior em termos de número de países envolvidos, bem como pelo total da população, pretende-se com a zona de comércio livre, a redução de taxas e a facilidade nas trocas comerciais entre os países, o que poderá possibilitar a industrialização mais acelerada e, de forma consequente, o desenvolvimento do continente.
É preciso que se trabalhe em prol da paz no continente
Entretanto, os desafios no chamado “berço da humanidade” são vários, tal é caso dos focos da instabilidade política registadas em alguns países, bem como a expansão de grupos terroristas. O que para antigo Secretário Executivo da Comissão Económica da Organização das Nações Unidas (ONU), pode minar a implementação efectiva.
“Eu acho que não se pode fazer comércio com qualidade sem segurança” considerou Carlos Lopes para depois sublinhar que “é preciso que se trabalhe em prol da paz no continente”.
O académico guineense que falava hoje, à margem de uma palestra dirigida a mais de uma centena de estudantes da Universidade Técnica em Maputo sugere um conjunto de domínios que devem ser observados pelos estados africanos.
Não se pode fazer comércio livre com qualidade sem segurança
“O domínio do comércio, o domínio da paz e segurança, o domínio das migrações e o domínio das mudanças climáticas, enumerou o economista, para depois sustentar que “as pessoas podem pensar que as mudanças climáticas não tem uma relação directa, mas têm, porque muitos dos conflitos em África são originados por escassos recursos e que são originados por mudanças climáticas”.
Carlos Lopes que abordou sobre a Integração Regional em África e as Implicações para Moçambique, apontou igualmente, que quanto aos ganhos com a zona de comércio livre no continente, Moçambique deve apostar no seu potencial energético e nos seus corredores portuários e ferro-portuários como os pontos fortes.
O Acordo de Livre-Comércio Continental Africano prevê a eliminação das tarifas sobre 90% dos produtos e com isso, estima-se que haja 60% de trocas comerciais na região, até 2022.