Era uma vez o passado do palco empresarial. E 2020 é mote ao futuro, um brinde à Revolução 4.0 e o compromisso na luta pela Guerra do Talento. “This is a Talent War!”, ouvimos ecoar dos últimos pisos das grandes, médias e pequenas empresas, por Moçambique e em vários outros mercados no Mundo. A preocupação pela atracção das pessoas certas, pela sua retenção e pelo desenvolvimento é comum, mas a forma como poderemos olhar e tentar responder a estas mesmas preocupações pressupõe lentes culturais e geracionais díspares.
Foquemos a nossa lente em Moçambique: o que antevemos nós para o futuro?
Não que tenhamos descoberto uma fórmula mágica e facto é que “one size does not fit all”, mas sabemos que hoje ter uma “bola de cristal”, desenvolvendo a nossa capacidade de inferir sobre o futuro, é o que vai fazer de nós, líderes e gestores empresariais, soldados efectivamente preparados para lutar num contexto de “Guerra pelo Talento” e, mais do que isso, ser- mos nós e a nossa equipa os verdadeiros protagonistas do nos- so próprio futuro, com menor exposição ao factor “surpresa”, mas certos de que esta será uma variável presente e à qual iremos saber responder de mente e coração abertos.
É fundamental que os Gestores 4.0 sejam verdadeiros, claros e precisos nas suas prioridades de gestão e transformem a sua visão em “must win battles”. Na nossa antevisão ao ano de 2020, seleccionámos #4 orientações-chave que consideramos ser críticas e que deverão fazer parte activa da agenda do Gestor 4.0 para pôr em prática ou reforçar a partir de hoje, porque o futuro está a acontecer agora.
#1 Antes de entrar em campo, definir um propósito: o seu!
Aceite que gestores e empresas sem propósito será o mesmo que músicas sem melodia. E existem, infelizmente, em demasia! Quando não existe melodia, rapidamente queremos pro- curar a música que sintoniza com a nossa alma e com o nosso coração. Assim são as organizações com verdadeiro propósito, que existem para fazer acontecer algo muito forte em que acreditam e que vai transformar a vida das pessoas que se
comprometem a servir. Se ainda não descobriu o seu propósito e o da sua empresa, retroceda o próximo movimento no campo de batalha e reveja primeiro – e bem – a sua estratégia, depois de definir/reforçar/alinhar o seu propósito e o da sua empresa. Seja um gestor audaz e aberto: comunique o seu sonho e deixa a sua equipa sonhar! Depois desta etapa, faça por comunicar este propósito dentro e fora da organização de forma consistente e criativa e aposte no “walk the talk”. Faça exactamente o que diz querer fazer pela sua Comunidade! Os seus líderes são a linha da frente de batalha e serão, eles mesmos que, já defendia Madiba, “definirão o calibre da sua organização” e a força do seu propósito. Escolha-os de forma cirúrgica e mantenha-os emocionalmente conectados à sua empresa. Eles tratarão de fazer o mesmo pelas suas respectivas equipas e pelos seus interlocutores externos, sejam eles Clientes, Fornecedores ou Parceiros de outra natureza.
O Gestor 4.0 deve, cada vez mais, preocupar-se em focar a atracção de novos quadros com verdadeiro fit à organização, pessoas com as características comportamentais mais adequadas à cultura da empresa, passando esta a ser um dos veículos a atingir o(s) seu(s) sonho(s). Não contrate “clichés” nem candidatos perfeitos
#2 Atrair soldados imperfeitos.
Os desafios são imensos num mercado a efervescer essencialmente em potencial.
O Gestor 4.0 deve, cada vez mais, preocupar-se em focar a atracção de novos quadros com verdadeiro fit à organização, pessoas com as características comportamentais mais adequadas à cultura da empresa, passando esta a ser um dos veículos a atingir o(s) seu(s) sonho(s). Não contrate “clichés” nem candidatos perfeitos: não existe perfeição e o que é bom hoje, amanhã será diferente.
Contrate sim a pessoa que melhor vai servir a missão em causa e tenha em atenção o panorama do nosso mercado de trabalho, em evolução e com uma curva de potencial acentuada. Assuma que o seu desafio enquanto Gestor 4.0 é ser criativo na contratação dos seus futuros quadros, é sair da caixa cinzenta do recrutamento distanciado e apostar em lentes que permitam aferir o comportamento das pessoas e testar as suas emoções em contextos próximos da realidade, bem como o seu potencial: “o que é que esta pessoa vai ser capaz de fazer daqui a dois ou três anos e qual será o meu papel enquanto seu líder?”
Aproveite para fazer do seu recrutamento uma oportunidade para: a) reforçar o seu propósito e a sua proposta de valor ao mercado, b) criar verdadeiros promotores da sua marca ao longo desta experiência, e c) renovar os seus votos enquanto “líder coach” dos seus futuros quadros!
#3 Inspirar e desenvolver novos generais.
A sucessão é um tema fulcral da agenda do Gestor 4.0, nomeadamente num palco onde há cada vez mais jovens líderes, da geração Y e sabendo que a geração Z já está a entrar em força no nosso mercado de trabalho. Preparar a sucessão é a chave e o segredo não está em criar seguidores, mas sim novos líderes. Pessoas em quem depositaremos a força do próximo testemunho, dando hoje as ferramentas, formação e informação necessárias para que sejam verdadeiros líderes e desafiadores do futuro. Sabemos que para a maioria da Geração X este é um grande desafio, mas sugerimos que, se for este o seu caso, pare de lu- tar contra as evidências e foque a sua energia no que pode trazer frutos ao seu negócio e ao legado que pretende deixar na sua empresa.
Se quer ser um líder 4.0, ou seja, se acredita que vai vencer esta batalha, assuma que o Mundo mudou e a sua actuação terá necessariamente de mudar e acolher novos paradigmas. Seja parte do futuro e lidere esta mudança. Ela já aí está e veio para ficar.
Assuma que o seu desafio enquanto Gestor 4.0 é ser criativo na contratação dos seus futuros quadros, é sair da caixa cinzenta do recrutamento
#4 Fazer o pino.
Veja a sua empresa também de baixo para cima. Se ainda acha que as transformações devem ser top-down, desiluda-se. Cada vez mais as transformações (mesmo que a liderança de topo não o promova!) acontecem de baixo para cima devido à chegada das novas gerações, aos processos de comunicação cada vez mais informais e menos hierarquizados. A estrutura das empresas 4.0 terá de ser ne-cessariamente mais leve, com processos fluidos de partilha de informação e de monitorização de objectivos em tempo real, numa era onde cada vez mais as empresas, nomeadamente as que actuam na área de serviços, reforçam práticas de “working from anywhere, anytime”.
Isto implica uma forte cultura de ownership transversal a todos os colaboradores, independentemente do seu poder hierárquico, bem como uma verdadeira proximidade entre a liderança e os seus colaboradores. Esta proximidade pode ser traduzida tanto nos pormenores do dia-a-dia, como cumprimentar, perguntar “Como te sentes hoje?”, verbalizar “Parabéns” e/ou “Obrigado/a”, como nas relações que os Gestores 4.0 estarão dispostos a criar e nos momentos de equipa que estes definem como sagrados, e como activadores dos conectores emocionais essenciais a criar e a manter o que de mais importante há em qualquer relação: a confiança.
Estaremos preparados?
No futuro, que é hoje, a experiência humana é a principal arma na “Guerra pelo Talento”.
E é por isso que acreditamos que a (r)Evolução começa em nós mesmos: desde as mais pequenas às grandes coisas, definindo que “must win battles” derivam da nossa estratégia, totalmente centrada no propósito, nas pessoas e no estímulo às suas emoções. Comece pelas coisas mais pequenas, mas comece!
E juntos venceremos as nossas pequenas grandes batalhas desta (r)Evolução!