O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) prevê que o país cresça 5,8% este ano e 4% em 2021, considerando que as descobertas do gás tornam possível a diversificação e a melhoria da resiliência e competitividade.
“Com as descobertas de gás ao largo da costa estimadas em 180 biliões de pés cúbicos, o país tem a oportunidade de diversificar a economia ao mesmo tempo que melhora a sua resiliência e a competitividade”, lê-se no relatório sobre as Perspectivas Económicas Africanas, divulgado na quinta-feira, na sede do BAD, em Abidjan.
O relatório deste ano, com o subtítulo ‘Desenvolvendo a Força de Trabalho Africana para o Futuro’, sublinha que “o sector do gás pode transformar a agricultura de subsistência em agro-negócio através de diferentes soluções energéticas, e potenciar outras indústrias como os fertilizantes, combustíveis e metalomecânica”.
O país está a reduzir o rácio da dívida face ao PIB, a melhorar a colecta de impostos e a conseguir acordos de reestruturação da dívida
Por outro lado, acrescenta o BAD, os investimentos previstos no gás e na indústria de fornecimentos podem também “melhorar a estabilidade macroeconómica, com mais receitas orçamentais que podem contribuir para excedentes e um fundo soberano que absorva choques externos”.
Na parte dedicada a Moçambique, muito centrada no sector do gás, o departamento de pesquisa económica do BAD salienta que “as necessidades de infraestruturas para os projectos relacionados com os recursos naturais podem também desencadear investimentos privados e público-privados”.
As empresas locais, consideram, estão “bem preparadas” para fazerem parcerias com os investidores internacionais e garantirem esses projectos e beneficiam da assinatura do “terceiro e final acordo de paz com a oposição, sustentando a desmobilização e a reintegração social das tropas armadas”.
No relatório, o BAD lembra as dificuldades orçamentais no seguimento da divulgação do escândalo das dívidas ocultas e prevê que o défice orçamental fique nos 4,5% do Produto Interno Bruto [PIB] este ano e 4,3% em 2021, “aumentando as preocupações sobre a sustentabilidade da dívida”.
“O sector do gás pode transformar a agricultura de subsistência em agro-negócio através de diferentes soluções energéticas”
Apesar do tom optimista, notando que “o país está a reduzir o rácio da dívida face ao PIB, a melhorar a colecta de impostos e a conseguir acordos de reestruturação da dívida”, o Banco alerta que o défice da balança corrente deverá ser, em média de 65% do PIB neste e no próximo ano devido às importações relacionadas com a operacionalização da exploração do gás natural”.
Isto “aumenta os desafios e as pressões sobre o financiamento do défice e sobre a gestão das reservas internacionais”, conclui o BAD.