A Organização da Nações Unidas (ONU) prevê que Moçambique cresça 5,5% este ano devido aos esforços de reconstrução após os ciclones de 2019, sendo a economia que regista o mais rápido crescimento da África Austral.
De acordo com o relatório sobre a Situação Económica Mundial e Perspectivas, lançado esta quarta-feira, em Nova Iorque, a ONU estima que Moçambique passe de um crescimento de 1,5% em 2019 para 5,5%, essencialmente devido aos esforços de reconstrução motivados pelos ciclones do ano passado.
“A situação económica na África Austral deteriorou-se em 2019, com várias economias em estagnação ou recessão num contexto de baixo investimento, faltas de energia, elevado desemprego e clima catastrófico”, lê-se no documento, que dá conta que estas economias do sul de África devem ter crescido 0,3% em 2019 e deverão acelerar para 0,9% este ano e 1,9% em 2021.
“A subida na emissão de dívida em moeda estrangeira tem levantado preocupações relativamente a sua sustentabilidade”
Comentando o relatório, a especialista em assuntos económicos do Departamento Económico da ONU, Helena Afonso, afirmou, citada pela ONU News, que a médio prazo “as condições económicas continuam complicadas, porque a economia continua muito exposta não só ao clima, mas também aos ciclos económicos, nomeadamente o preço das matérias-primas”.
Tudo isto acontece “num contexto em que é importante manter a dívida externa num caminho de sustentabilidade”, concluiu a economista.
A dívida pública elevada é “um desafio para vários países africanos, limitando a capacidade de implementar políticas contra-cíclicas e socialmente inclusivas”, refere-se no documento, que aponta Moçambique como um dos vários países em que a dívida pública ultrapassa os 100%, ao lado de Cabo Verde, Congo, Djibouti, Eritreia e Sudão.
Na última década, lembra-se no relatório, “o crescimento da dívida pública foi motivado por políticas orçamentais expansionistas e pelo impacto da queda do preço das matérias-primas em 2014 e 2015, além da motivação dos investidores, que buscavam taxas de retorno elevadas”.
“A situação económica na África Austral deteriorou-se em 2019, com várias economias em estagnação”
Juntando a sua voz a vários outros organismos financeiros internacionais, a ONU diz que “a recente subida na emissão de dívida em moeda estrangeira tem levantado preocupações relativamente à sustentabilidade da dívida, já que as perspectivas de evolução das economias permanece frágil”.