O Banco de Moçambique (BM) prevê uma maior pressão sobre a despesa pública em 2020, em parte, devido aos esforços de reconstrução pós desastres naturais no centro e norte do país, segundo o comunicado publicado esta terça-feira.
As projecções do Banco Central para o médio prazo continuam a indicar um crescimento do Produto Interno Bruto, redução do défice fiscal após donativos e, consequentemente, uma queda do nível de endividamento público, devido a maior eficiência na cobrança de receitas e pelo uso de parte das mais-valias arrecadadas em 2019 no valor de 880 milhões de dólares.
Contudo, haverá maior pressão sobre a despesa pública no próximo ano, para fazer face às exigências decorrentes do pacote de descentralização administrativa e dos esforços de reconstrução pós ciclones Idai e Kenneth, que devastaram várias regiões do centro e norte do país.
O Banco Central mantém as previsões de recuperação para a actividade económica no próximo ano
“Quanto à actividade económica, mantêm-se as previsões de recuperação em 2020, ainda assim, abaixo do seu potencial”, lê-se no relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação do BM.
Esta melhoria vai ser suportada pela reconstrução pós ciclones, liquidação das dívidas do Estado com os fornecedores de bens e serviços e implementação dos projectos relacionados com a exploração de gás e petróleo na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado.
“As reservas internacionais do país continuam em níveis confortáveis. Na primeira semana de Dezembro, as reservas internacionais brutas situaram-se em USD 3,6 mil milhões, suficientes para cobrir mais de seis meses de importações, excluindo os grandes projectos”, refere o documento.
Relativamente ao custo de vida, o BM aponta para uma ligeira aceleração da inflação anual nos próximos três meses, ainda assim mantendo-se baixa e sem comprometer os objectivos de estabilidade de preços.
A previsão de ligeira aceleração de inflação é justificada pela menor oferta interna de produtos alimentares, tensão político-militar na zona centro do país – que condiciona o fluxo de pessoas e bens – e a probabilidade de ocorrência de chuvas acima do normal nos primeiros meses de 2020.
Com todos estes cenários, o Comité de Política Monetária do Banco Central indica que vai continuar a monitorar os indicadores económico-financeiros e os factores de risco e não hesitará em tomar as medidas correctivas necessárias antes da sua próxima reunião ordinária, agendada para Fevereiro de 2020.