A imprensa norte-americana dá conta da possível assinatura de um acordo comercial entre Pequim e Washington em breve, depois de o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, ter publicado uma mensagem optimista no Twitter.
A Bolsa de Valores de Nova Iorque subiu e elevou os índices Nasdaq e S&P 500 para novos máximos, com os investidores a apostarem na iminente formalização de um acordo. Também as praças financeiras asiáticas registaram ganhos ao longo da sessão de sexta-feira.
Trump esteve reunido com os seus principais assessores nas negociações com a China, na quinta-feira, no entanto a Casa Branca não publicou qualquer comunicado sobre um possível avanço nas negociações.
“Estamos muito perto de um grande acordo com a China. Eles querem-no e nós também!”
O acordo suspenderia a entrada em vigor de nova ronda de taxas alfandegárias, que está prevista entrar em vigor no domingo, sobre um total de 160 mil milhões de dólares de importações chinesas.
“Estamos muito perto de um grande acordo com a China”, anunciou Trump. “Eles querem-no e nós também!”, acrescentou, após várias semanas de incertezas sobre a assinatura de um acordo preliminar.
Pequim garantiu, no mesmo dia, que os negociadores dos dois países mantinham uma “comunicação próxima”, sem avançar mais detalhes.
A ascensão ao poder de Donald Trump desencadeou disputas comerciais entre Pequim e Washington, com cada um dos dois países a aumentar as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos do outro.
A liderança norte-americana, que teme perder o domínio industrial global à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes actores em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial ou robótica, acusa a China de práticas comerciais injustas.
A guerra comercial prolonga-se há quase dois anos e ameaça a economia mundial
Para este acordo preliminar, uma das principias exigências de Trump é que a China comprometa-se a comprar produtos agrícolas norte-americanos, num valor entre os 40 000 e os 50 000 milhões de, com o propósito de reduzir o deficit comercial entre as duas nações.
Os detalhes de um acordo que Trump designou como “fase 1” ainda não foram divulgados, mas não deverão resolver questões centrais da disputa, incluindo políticas industriais chinesas, como transferência forçada de tecnologia, protecção de propriedade intelectual ou atribuição de subsídios às empresas domésticas por Pequim, enquanto as protege da competição externa.
Segundo o jornal Wall Street Journal, citado pelo sapo, Washington propôs a Pequim baixar em até 50% as taxas alfandegárias impostas pelos EUA sob cerca de 360 mil milhões de dólares em bens importados da China.
O acordo prevê, no entanto, a possibilidade de os Estados Unidos restabelecerem o nível original de taxas, caso a China não cumpra com as suas promessas.
Além da guerra comercial, a crescente rivalidade estendeu-se para o sector tecnológico e diplomático
Os EUA restringiram já o fornecimento de alta tecnologia a várias empresas-chave nos planos chineses para competir nos sectores de alto valor agregado, incluindo ao grupo Huawei ou às fornecedoras globais de tecnologia de vigilância por vídeo Hikvision e Dahua.
O congresso dos Estados Unidos aprovou também, este mês, por esmagadora maioria, uma resolução de apoio aos direitos humanos e à democracia em Hong Kong, um dia após a aprovação do projecto no senado.
O texto prevê sanções contra autoridades chinesas responsáveis por violações dos direitos humanos na antiga colónia britânica, como detenções arbitrárias e extrajudiciais, tortura ou confissões forçadas, e põe em causa o estatuto comercial de que beneficia actualmente a região administrativa especial chinesa.