O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís Castro Henriques, admitiu, na quinta-feira, que as empresas portuguesas na África lusófona estão a aproveitar essa presença para alargar a actividade para os países vizinhos, apontando o exemplo do crescimento no Senegal e na Costa do Marfim.
Henriques falava na cidade da Praia, em Cabo Verde, onde participava de um fórum económico português, tendo explicado que esse movimento é observado no noroeste africano.
“Há um conjunto de empresas [portuguesas] que já estão em países de língua portuguesa a começarem a expandir para lá, o que é natural” sendo que “Costa do Marfim e Senegal são países que estão a gerar maior interesse”, frisou.
“Tudo estará pronto para decisões no final do primeiro semestre”
O exemplo deste movimento de expansão é o território da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), ao qual pertencem Cabo Verde e a Guiné-Bissau, países onde há uma presença consolidada de empresas portuguesas.
Trata-se de uma “expansão e diversificação da actividade” das empresas portuguesas, mantendo o “centro nevrálgico” em países de língua portuguesa em África, e a partir daí, fazendo “pontos para os mercados circundantes”, explicou.
No caso do Senegal, a expansão da actividade está concentrada na exportação de materiais de construção e no sector dos produtos agroalimentares, mas também com máquinas e aparelhos.
Já na Costa do Marfim, além daqueles sectores, a presença faz-se também com actividade na área financeira.
Se no caso do Senegal a AICEP já tem uma representação permanente (que acumula com a Guiné-Bissau), na Costa do Marfim, face à potencialidade do país, a abertura de um escritório é um assunto em cima da mesa.
“É matéria que está a ser analisada”, explicou, admitindo que para já a prioridade é tentar, no terreno, “identificar mais oportunidades” de negócio.
A eventual abertura de um escritório na Costa Marfim — bem como o posicionamento de toda a restante rede — é um assunto que será definido até Junho próximo, com a aprovação do plano estratégico da AICEP para o próximo triénio, a decidir em conjunto com o Governo.
Contudo, o presidente da agência recorda que a decisão de abertura de um escritório depende sempre do enquadramento macroeconómico do país e das suas perspectivas de crescimento económico, das perspectivas sobre o que Portugal produz e o que pode comprar o país de destino, além da também obrigatória existência de interesse por parte das empresas portuguesas.
“Tudo estará pronto para decisões no final do primeiro semestre”, assegurou.
“Nestes últimos anos houve muito pouco movimento na Guiné-Bissau”
Questionado pela Lusa sobre a Guiné-Bissau, país de língua portuguesa e que integra a CEDEAO, que em Março deixou de ter um delegado residente da AICEP, passando a estar em permanência em Dakar, no Senegal, Luís Henriques justificou a decisão com a “utilização de recursos e de proximidade geográfica” entre os dois países.
“A Guiné-Bissau é um país CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], portanto é um país de importância primordial para nós, ponto final, parágrafo. Agora, de facto, nestes últimos dois, três anos houve muito pouco movimento na Guiné-Bissau e também muito pouco movimento de eventos, e até eventos associativos”, afirmou.
Em termos práticos, “não é bem uma questão”, já que para a AICEP a operação na Guiné-Bissau “está aberta”
Globalmente, acrescentou Castro Henriques, a visão da AICEP na internacionalização das empresas portuguesas fora dos mercados tradicionais (União Europeia e CPLP) está centrada em países que fizeram acordos de comércio livre com a União Europeia nos últimos anos, casos da Coreia do Sul, do Japão e do Canadá.