O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou que aprovou um empréstimo de 400 milhões de dólares para apoiar a construção de uma central de liquefacção de gás natural.
Segundo o presidente do BAD, Akinwumi Adesina, “o efeito catalisador trazido pela participação do Banco é estrategicamente apontado à ajuda para Moçambique passar de país em desenvolvimento para uma nação desenvolvida”.
A central de liquefacção de gás natural vai apoiar a transformação da recolha desta matéria-prima na Área 1 do consórcio liderado pela Total, que junta ainda a Mitsui, Oil India, ONGC Videsh , Bharat Petroleum, PTT Exploration e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos.
A participação do BAD requer um mandato que garante a adesão do projecto às melhores práticas de transparência e completa conformidade com os requisitos ambientais e sociais
“Trabalhando de perto com o Governo de Moçambique, podemos assegurar que as populações locais colhem os benefícios da cadeia de valor do gás natural, assim criando mais oportunidades e uma industrialização generalizada, ao mesmo tempo que aceleramos a integração regional em toda a África Austral”, comentou Adesina.
Além do financiamento propriamente dito, a participação do Banco “acarreta um mandato que garante a adesão do projecto às melhores práticas de transparência internacionais e completa conformidade com os requisitos ambientais e sociais”, bem como a introdução de “indicadores económicos e sociais no conjunto de itens que são monitorizados ao abrigo do empréstimo, incluindo em áreas como a criação de emprego, igualdade de género e ligações às pequenas empresas”.
Na nota, o BAD salienta ainda que o seu envolvimento “é consiste com a estratégia para o país, que pretende impulsionar o desenvolvimento dos recursos naturais para acelerar a transformação agrícola e o investimento em infraestruturas sustentáveis”.
O plano de desenvolvimento da Área 1 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, está avaliado em 25 mil milhões de dólares – o dobro do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, da riqueza que o país produz a cada ano.
Podemos assegurar que as populações locais colhem os benefícios da cadeia de valor do gás natural
Os projectos de gás natural devem entrar em produção dentro de aproximadamente cinco anos e colocar a economia do país a crescer mais de 10% ao ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras entidades.
Para lá chegar, os promotores da Área 1 vão investir 25 mil milhões de dólares que vão ser utilizados para furar o fundo do mar, sugar o gás natural através de 40 quilómetros de tubagens para uma nova fábrica na península de Afungi, no distrito de Palma, onde vai ser transformado em líquido.
Ao lado dessa fábrica vai ser construído um cais para navios cargueiros especiais poderem ser atestados com gás natural liquefeito (GNL), que vai ser vendido, sobretudo, para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Electricidade de França, Shell ou a britânica Cêntrica.
Haverá ainda uma parcela mais pequena que vai ficar no país e que vai ser destinada para a produção de electricidade, transformação em combustíveis líquidos e adubos.