Empresa de renováveis cresceu apoiada pela GIZ e viu recentemente a EDP entrar com 2 milhões de euros no capital social. Já tem mais de 150 mil clientes
A SolarWorks! está em Moçambique desde 2015. Parte de um grupo de origem holandesa (recentemente a EDP comprou uma participação de 2 milhões de euros na empresa), está vocacionada para o fornecimento de energia solar a milhares de famílias de baixo rendimento de zonas rurais de Moçambique através do sistema PAYGO (pay-as-you-go), o primeiro do género no país.
Com o apoio da GIZ e da EnDev (Energising Development), um programa dirigido pelo German Federal Ministry of Economic Cooperation and Development, presente em 25 países e alinhado com os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável, a ideia é que, até ao final de 2021, 20 milhões de pessoas tenham acesso a energia sustentável.
Actualmente, em Moçambique, e apesar dos planos de expansão da rede eléctrica nacional (até 2030 preconiza-se um aumento para os 50% de cobertura), menos de 30% da população está ligada à rede.
É isso que justifica o crescimento de uma empresa que actua num mercado por explorar, e que desenvolveu um programa-piloto que permite “levar soluções de energia renovável num modelo de ‘pay-as-you-go’ às zonas onde não existe cobertura da rede, empoderando-as financeiramente. Desta forma podem trabalhar em casa ou levar os kits de energia para as suas bancas de comércio.
Ao mesmo tempo, com o sistema de pagamento por via móvel, estas pessoas deixam de estar excluídas do meio financeiro e passam a beneficiar de outros serviços.
De uma forma geral, esta energia traz luz a estas vidas”, revela Miguel Sottomayor, director-geral da SolarWorks!.
“Mostrar a pessoas de áreas tão remotas como funciona e quais os benefícios de um sistema de pagamento para consumo da energia solar via telemóvel (através do M-Pesa e e-Mola) foi, de facto, um desafio que seria impensável sem o apoio da GIZ
“Mostrar a pessoas de áreas tão remotas como funciona e quais os benefícios de um sistema de pagamento para consumo da energia solar via telemóvel (através do M-Pesa e e-Mola) foi, de facto, um desafio que seria impensável sem o apoio da GIZ que acreditou no potencial de mudança deste projecto desde o início”, recorda.
Quando iniciou actividade, a SolarWorks! contava com apenas seis funcionários. Hoje, são 240 espalhados por seis províncias, o que revela, também, a adesão massiva que o serviço tem tido por todo o país. “Há dois anos tínhamos cerca de 1 800 clientes. Agora estamos a chegar a 30 mil famílias, perto de 150 mil beneficiários de energia solar”, quer seja com o kit básico (de três lâmpadas e uma tomada) que custa perto de 500 meticais por mês, ou médio (de três lâmpadas, tomadas e televisor) que pode chegar aos 1 500 meticais mensais durante 36 meses.
Um exemplo perfeito de um negócio sustentável. Porque permite a inclusão financeira de centenas de milhares de mulheres e jovens que passam a usufruir de um serviço a um preço justo, e com o potencial de alavancar novos rendimentos para o agregado familiar. E também está a ser desenvolvido o ‘Kit Empreendedor’, em que a empresa fornece máquinas de costura ou de barbear, que funcionam alimentadas por um painel solar portátil, uma bateria e cabos amovíveis que os beneficiários podem transportar para os mercados e pontos de venda informais e desta forma potenciar os seus pequenos negócios.
Ainda assim, e apesar de todo o crescimento, Sottomayor assume que falta ainda muito para que a energia seja um bem universal no país, mas é precisamente esse o desafio que lhe ilumina o caminho: “o trabalho não vai acabar nunca, mas é isso que nos leva para a frente por estradas de terra batida e terras esquecidas para lá do tempo. Levar luz é isso, uma missão.
É levar o futuro a estas pessoas”.