O Moza prevê que o Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique baixe a taxa MIMO ainda em 2019.
O mais recente boletim económico do Moza Banco indica que os conflitos armados que se reacenderam em Moçambique representam um risco para a actividade económica no próximo ano.
“Notamos que o agravamento dos riscos internos poderá condicionar a actividade económica no próximo ano”, lê-se, no comentário sobre a previsão de crescimento de 6% feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Apesar dos riscos, o banco acredita no crescimento da economia e na manutenção de níveis baixos de inflação
Segundo o gabinete de Estudos Económicos do Moza, “a intensificação do conflito armado no Cento e Norte do país será um factor inibidor ao livre movimento de pessoas e bens no território nacional, como também causador de destruição das escassas infraestruturas existentes do país”.
Em dois anos, no Norte (Cabo Delgado), os malfeitores já fizeram 300 mortes, afectaram 60.000 pessoas, destruíram povoações, campos e têm perturbado as obras de construção dos mega-projectos de gás natural que se esperam impulsionem a economia.
No Centro (Manica e Sofala), 10 pessoas morreram e várias ficaram feridas desde Agosto, em estradas e povoações alvejadas pelo que suspeita serem guerrilheiros dissidentes da Renamo, afectando transportes de mercadorias e passageiros.
Apesar dos riscos, o banco acredita no crescimento da economia e na manutenção de níveis baixos de inflação.
O Moza prevê mesmo que o Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique baixe a taxa MIMO (um dos valores de referência do mercado monetário) ainda este ano.
Banco Central está mais bem preparado que em anos anteriores, graças à tributação de mais-valias da exploração de gás natural
A próxima reunião “está agendada para o dia 12 de Dezembro, sendo expectável que a taxa seja reduzida em pelo menos 25 pontos base devido ao baixo nível de inflação no país”.
No que respeita ao mercado cambial, é esperada uma desvalorização sazonal do metical.
“A evolução do metical justifica-se pelo aumento sazonal da procura de divisas por parte dos agentes económicos para a realização de importações de diversos produtos, em antecipação à quadra festiva”, acrescenta.
O Estado encaixou 880 milhões de dólares neste último trimestre, o que reforçou as reservas internacionais brutas
De qualquer maneira, segundo o Moza, o Banco Central está mais bem preparado que em anos anteriores, graças à tributação de mais-valias, da venda da Área 1 de exploração de gás natural na bacia do Rovuma, da Occidental à Total.
O Estado encaixou 880 milhões de dólares neste último trimestre, uma entrada de divisas que reforçou “as reservas internacionais brutas, para 3.902 milhões de dólares, o que permite cobrir mais de seis meses de importações”.
“O Banco de Moçambique apresenta-se reforçado para prevenir variações desequilibradas do metical”, conclui o boletim.